Aracaju 167 anos: vacinadores superam desafios profissionais para proteger a população

Agência Aracaju de Notícias
30/03/2022 07h50

Iniciada em março de 2020, a pandemia do coronavírus atravessou a vida das pessoas das mais diversas formas. O mundo parou, rotinas foram transformadas, pessoas perderam a vida e outras tantas ainda convivem com os efeitos da crise sanitária. No entanto, em menos de um ano, a vacina chegou e hoje, em Aracaju, mais de 80% da população com idade a partir de cinco anos já completaram o ciclo vacinal.

Para isso, foi fundamental as estratégias adotadas pela Prefeitura de Aracaju e, sobretudo, o engajamento dos profissionais da saúde que atuaram e atuam na campanha municipal de imunização contra a covid-19, os quais têm garantido o sucesso dos esforços da gestão municipal para proteger os moradores da cidade, que acaba de completar 167 anos de fundação.

Uma das profissionais que atuam na vacinação é Graziele Vasconcelos. Em 2020, ela concluiu o curso de técnico em Enfermagem, pouco antes de começar a pandemia. Na Saúde do Município, ela iniciou na testagem de covid-19 e, assim que a Prefeitura iniciou a vacinação, foi designada para um dos pontos de imunização.

“Apesar de começar na área num momento muito difícil, tive certeza que a Saúde era o que eu queria. No início, tive muito medo de, por estar muito exposta, acabar levando o vírus para dentro da minha casa, mas cuidar das pessoas era a minha certeza. Lembro até hoje da primeira pessoa que vacinei. Choramos eu e ela porque era uma esperança que estávamos dando à pessoa de que as coisas iriam melhorar”, conta Graziele.

Hoje, passado mais de um ano do início da vacinação contra covid-19 e vendo os resultados positivos da imunização, ela reforça a leitura que faz a respeito da área que escolheu para atuar.

“Os profissionais da saúde, no geral, são importantes, essenciais. Não vejo só o técnico, enfermeiro ou médico, mas todos os que atuam direta ou indiretamente no cuidado com a vida das pessoas. Como vacinadora, me sinto honrada por ser parte da ação que mudou o nosso pensamento de que o mundo iria acabar e que iríamos morrer, dando esperança às pessoas. Além disto, ter o apoio das minhas colegas, vivenciando conflitos em comum, como a perda de pessoas próximas e, ainda assim, seguir no trabalho com fé, foi fundamental para levar para as pessoas em que apliquei a vacina a crença de que as coisas iriam melhorar”, afirma a vacinadora.

Foi o gostar de pessoas que fez com que Rosiley Santos iniciasse o curso de técnico em Enfermagem, em 1998. Trabalhou durante seis anos na área e, depois, ainda atuou como técnica em Radiologia. No entanto, com a pandemia, ela decidiu arriscar, novamente, na Enfermagem e o reencontro, para ela, foi transformador.

“Minha equipe foi a primeira a segurar a caixa com as vacinas para ir aplicar nos profissionais de saúde. Foi muito emocionante. Lembro como se fosse hoje da sensação de ver uma luz no fim do túnel, com a chegada das vacinas. Não consigo me encontrar em outra área além da área da saúde porque eu nasci para atender às necessidades do outro, para cuidar. Meu orgulho é o meu trabalho. A parceria que encontrei com minhas colegas me fortaleceu muito porque não é fácil lidar com a vida das pessoas, mesmo sendo gratificante cuidar. Agora, vendo os resultados da vacinação, me sinto ainda mais honrada por fazer parte dos profissionais que, de alguma forma, contribuíram para que as pessoas estejam vivas, graças à vacina”, ressalta Rosiley.

Uma das parceiras de Rosiley no primeiro dia de vacinação foi Andréa Carvalho. Antes da vacina chegar, ela atuou no Hospital de Campanha e frisa o misto de sensações ao fazer uma análise do período que começou a trabalhar até os dias atuais.

“Trabalhar no Hospital de Campanha foi desafiador porque foi logo no início da pandemia, quando sabíamos muito pouco sobre o vírus e suas consequências. Era de um paciente chegar em situação controlada e, em coisa de dois, três dias, ter seu estado complicado. Tive medo e, ao mesmo tempo, muita vontade de ajudar as pessoas. Cheguei a deixar minha filha por seis meses com a minha mãe por ter receio de levar o vírus pra ela. Em seguida, fui para o TestAju e, quando começou a vacinação, fui transferida para vacinar as pessoas. Saí da Biomedicina para a ser técnica em Enfermagem e comecei a atuar na área justamente pouco antes da pandemia, no início de 2020”, relembra.

A experiência adquirida ao longo dos últimos dois anos fortaleceu seus alicerces profissionais, destaca Andréa. “Quando peguei a ampola e a seringa para aplicar a primeira vacina, me senti uma heroína. Tirei foto da caixa da vacina, fomos escoltadas pela Guarda e lembro que pensei: ‘estamos transportando a esperança’. Apliquei a vacina em profissionais da saúde, idosos e pessoas privadas de liberdade. Em cada ambiente, a chegada da vacina era recebida de uma forma e eu confirmei que a saúde é a minha área, de fato, porque, para mim, o sentimento era o mesmo, eu estava ajudando a salvar vidas”, completa.