Cras Madre Tereza discute sobre violência doméstica com idosos do SCFV

Assistência Social e Cidadania
29/03/2022 13h40

Para encerrar o mês simbólico dedicado às mulheres, os idosos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Madre Tereza de Calcutá, situado no bairro Jabotiana, participaram na manhã desta terça-feira, 29, do evento “Sororidade, Vamos Falar Sobre Isso?”, preparado pela equipe técnica da unidade.

A atividade socioeducativa representa a retomada gradual dos encontros presenciais, os quais haviam sido adaptados para o formato online em decorrência da pandemia do coronavírus. A expectativa é que todas as atividades do SCFV para idosos e crianças e adolescentes sejam retomados de forma presencial em sua totalidade no próximo mês de abril.

Na oportunidade, temas sobre saúde da mulher, proteção e fortalecimento de vínculos foram debatidos com a contribuição de profissionais parceiros, como a psicóloga convidada Priscila Menezes, Grupo de Pesquisa sobre Gênero e Sexualidade “Xique-Xique” da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Aracaju e Coordenadoria de Políticas para Mulheres (CPM) da Diretoria de Direitos Humanos (DDH) da Assistência Social de Aracaju.

O psicólogo Pedro Alves, que atua no Cras Madre Tereza, foi o profissional responsável pela organização do evento que, além de discutir sobre o “Fortalecimento de Vínculos e Comunitários: A Força das Mulheres no Território”, distribuiu panfletos, folhetos com informações sobre e rede de atendimento à violência contra a mulher na capital sergipana e um marcador de página para livros com o violentômetro, índice que auxilia a identificar os tipos de violência praticados contra a mulher.

“A ideia surgiu da necessidade de fazer uma intervenção após a identificação de casos de violência doméstica em nossos atendimentos diários. Buscamos ferramentas, pessoas para proporcionar esse momento e trazer temas, não apenas abordando sobre os impactos das violências na saúde física e mental, mas mostrar como elas podem se fortalecer dentro da comunidade ajudando umas às outras e garantindo os seus direitos”, explicou Pedro.

A programação contou com a apresentação da bailarina Carol Santos, ex-usuária do SCFV e atual oficineira da unidade, que abriu as discussões. Em seguida, a assistente social Mariana Leite apresentou orientações sobre medidas sanitárias de prevenção à covid-19; a psicóloga Priscila Menezes abordou os impactos da violência doméstica na saúde física e mental da mulher idosa; e a mestranda em Antropologia Social, Elielma Santos, discorreu sobre violências domésticas no contexto da pandemia, com enfoque na proteção à mulher idosa. Por fim, a coordenadora do Cras Madre Tereza, Fátima Luciana Dória, alinhou as ações para a retomada do SCFV na unidade.

Segundo a vice-presidente do Conselho Municipal da Mulher e coordenadora de Políticas para Mulheres da Assistência Social de Aracaju, Edlaine Sena, o fortalecimento da rede de apoio é um dos vieses trabalhados pela pasta dentro das comunidades.

"Falamos sobre a denúncia da violência, como podem ajudar coletivamente umas às outras, de como dar esse apoio, não apenas denunciando, mas entendendo o ciclo da violência que ela está sofrendo. É muito importante que todos entendam como se configura uma rede de apoio e não deem as costas no momento que elas mais precisam”, orientou.  

A aposentada Evanira Lima faz parte do grupo de idosos “Novo Horizonte”, do SCFV, há mais de um ano. Ela foi comunicada sobre o evento por meio de um grupo no WhatsApp. “Estava louca de saudades para voltar. Quando acontecem esses tipos de atividades faço questão de participar porque eu gosto de todos, venho para um lugar bom. Agora posso ajudar alguma vizinha ou qualquer mulher que esteja sofrendo”, contou.

O auxiliar de serviços gerais Lucas Sá é morador do bairro Ponto Novo e foi até o Cras para fazer seu Cadastro Único (CadÚnico). Não estava em seus planos participar da atividade, mas por já ter presenciado algumas formas de agressão às mulheres, não hesitou em colher informações para ajudá-las.

“Não sabia que o Cras serve de apoio para as mulheres vítimas de violência, só tinha o conhecimento sobre as delegacias. Conheço uma pessoa que está tentando se separar de forma amigável, mas seu companheiro não aceita, a ameaça constantemente. Hoje, aprendi que existem outras saídas”, disse.