Educação de Aracaju promove estratégias de combate à violência nas escolas

Educação
13/05/2022 17h46

O retorno às aulas presenciais, neste período de pandemia, trouxe novos desafios educacionais em todo o mundo. Para muitos jovens, lidar com suas vulnerabilidades tem sido ainda mais desafiador. Neste sentido, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), vem realizando ações e traçando estratégias para ajudar os estudantes a combater comportamentos não saudáveis.

O projeto Protagonismo Juvenil, do Programa Saúde na Escola (PSE), promovido através de parceria entre a Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade da Semed e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), desenvolve a discussão de diversos temas na escolas, abordando questões como preconceitos, discriminações, saúde mental, sexualidade e uso de drogas.

Outra estratégia de atenção ao comportamento do aluno são oficinas realizadas semanalmente nas unidades de ensino que apresentam maiores índices de vulnerabilidades. Cada escola, com a participação dos estudantes, vai criando seu próprio nome.

"Com esse retorno das aulas, percebemos mais casos de bullying; de declarações preocupantes expressas em carteiras, paredes e portas; e também de automutilação. A gente entra em ação fazendo com que os alunos nos apresentem o que está acontecendo na escola e na comunidade, através de alguns encontros com os estudantes, para dialogarmos", afirma a coordenadora da Coped, Maíra Ielena.

Segundo Maíra, as situações de comportamentos agressivos na escola são o reflexo de questões sociais que se passam na comunidade do aluno. Nunca é um fato isolado, mas uma consequência de tantos outros fatores.

"Nossos estudantes não viveram o isolamento social que muitos da classe média ou alta tiveram, mas, mesmo assim, estavam distanciados do maior local de convívio social e principal lugar da rede de proteção: a escola. Então, nos debates com os adolescentes, o tema principal nunca é violência, e sim discriminação, preconceito, sexualidade. Como fazemos essa criação de vínculo entre a pessoa que aplica as oficinas e os alunos, favorecem com que eles falem", explica a coordenadora.

As oficinas são ministradas pelo técnico da Coped, Heverton Ramon. Ele explica que, durante as reuniões, há exposição de filmes, dinâmicas e outras atividades que se tornam necessárias a depender da situação do grupo. Logo após, é promovida uma roda de conversa, trabalhando em círculo, onde eles têm o objeto da palavra e cada um fala em seu momento.

"Muitas vezes, essas situações ocorrem com um menino que sofre a questão de trabalho infantil, uma menina que, infelizmente, é explorada sexualmente, ou outras situações que causam evasão escolar. Quando a gente tem essas reuniões, em razão da nossa abordagem de acolhimento, eles vêem que há uma pessoa para ouvi-los e trazer propostas ou possibilidades diferentes", pontua Heverton.
Na rotina de aulas

Coordenadora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Laonte Gama, Karla Gisele conta que a escola tem traçando estratégias e elaborando um cronograma para trabalhar, no dia dia das aulas, questões relativas à vulnerabilidade. Segundo ela, o objetivo é fazer com que toda semana haja foco em um tema e que sejam promovidas atividades diferenciadas, que atraiam o interesse dos estudantes.

"A gente percebe que os jovens estão com dificuldades em agir com disciplina.Suas  questões pessoais reverberam dentro do ambiente escolar e, por isso, buscamos trabalhar temas como bullying, rotina, interação social. Ontem de tarde, mesmo, tivemos turmas trabalhando a empatia através de pesquisa e cartazes, já que através dela, é possível se colocar no lugar do próximl e enxergar as situações por outro ângulo", relata a coordenadora.

Conscientização para todos

Além do trabalho com os estudantes, os profissionais da Semed estão fazendo o curso "Justiça e Círculos Restaurativos", do Ministério Público de Sergipe (MPS). Também são produzidos materiais didáticos e informativos, direcionados aos educadores e conscientizando sobre o bullying e o que fazer em caso de violência.

"Além disso, estamos programando formação continuada com vários encontros, presenciais e onlines, abordando o combate às violências. A escola atua como um lugar de segurança e, especialmente nas periferias, para boa parte dos jovens, é o único local onde sentem-se, de fato, seguros. O que a gente percebe é que, muitas vezes, esses meninos ou meninas apontados como sendo os mais 'difíceis' das escolas, uma vez devidamente orientados, tornam-se protagonistas e, até mesmo, multiplicadores dentro do espaço escolar", ressalta Maíra Ielena.