Caminhada "Faça Bonito" reúne população do bairro Bugio

Em continuidade às ações alusivas ao Mês de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, na tarde desta quarta-feira, 18, o Conselho Tutelar do 5° Distrito, órgão vinculado ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), em parceria com a Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Assistência Social, promoveu pelas ruas do bairro Bugio a “7ª Caminhada Faça Bonito”.

De acordo com a presidente do CMDCA, Natália Dalto, a ação, que celebra o Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 18 de Maio, marca, ainda, a retomada das atividades presenciais da campanha, após dois anos suspensas, devido ao isolamento social provocado pelo novo coronavírus.

“É uma caminhada que integra nossas ações durante o período. A ideia é dialogar com as crianças e adolescentes da rede pública de ensino e moradores para conscientizá-los e sensibilizá-los acerca da importância da prevenção das violências, das consequências que elas podem provocar ao longo da vida, da denúncia e como identificar situações de abuso e exploração sexual. Os alunos estão em processo de formação social e multiplicam as informações sabendo identificar e orientar o próximo”, destaca Natália.

A ação reuniu estudantes de diversas escolas municipais e estaduais do bairro e proximidades, órgãos da sociedade civil e de direitos que se somaram à luta contra as violações de direitos de crianças e adolescentes da capital sergipana. Também foram realizadas abordagens sociais com a entrega de folders contendo informações sobre a identificação do tipo de violência sexual, canais de atendimento para denúncia e como estabelecer uma comunicação eficaz com respeito e empatia com a criança ou adolescente que sofreu a violação.

A conselheira tutelar do 5° distrito, Silvânia Santos, assiste meninos e meninas dos bairros Lamarão, Soledade, Santos Dumont (Almirante Tamandaré), Bugio, Veneza, Jardim Centenário (Matadouro), Olaria (São Carlos) e Capucho. Para ela, é preciso que as ações cheguem às comunidades mais carentes.

“Pensamos em uma atividade de mobilização que alcançasse a periferia, a comunidade, assim, decidimos promover esse evento para levar as informações, combater alguns mitos, além de ressaltar a importância do ato de denunciar. A ideia é para que a população faça bonito no combate ao abuso e exploração sexual”, conta a conselheira ao fazer uma referência ao nome da campanha.

A diretora da Escola Estadual José de Alencar Cardoso, Laydjane Balbino, reuniu as turmas do 9º ano para participarem da caminhada. A equipe pedagógica da unidade de ensino já realiza atividades sobre o tema e não hesitou em participar por mais um ano.

“Sempre participamos desse evento. Quando recebemos o convite, após a visita da conselheira tutelar Silvânia, ficamos todos animados porque já trabalhamos sobre esses temas com rodas de conversa, debates e apresentações socioeducativas com os nossos alunos. E é nesses momentos que conseguimos detectar situações de vulnerabilidade. Eles veem com o intuito de gritar para a sociedade que esse problema existe e pode estar dentro de nossas casas. É uma conscientização para que possam procurar ajuda e saberem para onde gritar, saber que tem o Conselho Tutelar, o professor, a diretora”, explica Laydjane.

A aluna da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Bomfim, Kauany Fernanda Lima, situada no Bugio, estava com suas amigas segurando cartazes de conscientização. Segundo a estudante, ela já presenciou algumas importunações sexuais.

“Gosto de participar. Já aconteceram situações de homens mexerem comigo, com as minhas amigas na rua e é uma coisa que não se deve fazer. Gosto muito de falar sobre o tema, participar de palestras, dessas ações que o Conselho Tutelar promove. Quando soube, já quis vir porque conscientiza não só a nós mesmos como as pessoas de todo o bairro. É importante não apenas falar, mas como fazer a denúncia”, observou.

Pela primeira vez, o aluno do 3º ano do Colégio Rabboni, David Kainã Guimarães, 17, fez bonito e participou da ação ao lado de seus professores.

“Ações como essa são importantes porque a criança ou o adolescente precisa saber para onde correr, pedir ajuda, para quem ligar e para se prevenir. Se eu perceber alguma pessoa nessa situação, falaria para pedir ajuda aos pais ou ligar para o Disque 100, Conselho Tutelar, para a professora ou uma vizinha, o importante é pedir ajuda”, contou.

Para garantir a segurança dos trabalhadores e da população, a ação contou com o apoio da Guarda Municipal de Aracaju (GMA) e da Polícia Militar de Sergipe (PMSE), a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) que organizou o trânsito no local, e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) que realizou a plantação de mudas, simbolizando o cuidado que a sociedade deve assegurar às crianças e aos adolescentes.