Forró Caju 2022: Prefeitura intensifica sensibilização sobre violação de direitos

Assistência Social e Cidadania
29/06/2022 01h04

Mobilizar os forrozeiros e comerciantes contra as violações de direitos que podem ocorrer durante o Forró Caju 2022 foi o que profissionais multidisciplinares da Secretaria Municipal da Assistência Social fizeram no penúltimo dia de shows, nesta terça-feira, 28, ao percorrerem o espaço da festa distribuindo materiais de campanhas de sensibilização. 

Com a presença de um grande público na noite, as equipes intensificaram as ações que já vinham sendo realizadas deste o primeiro dia do evento. As abordagens foram feitas na entrada da praça Hilton Lopes, em bares, barracas de lanches e a ambulantes, públicos que aderiram à iniciativa do Município recebendo os panfletos com as informações e permitindo a colagem de cartazes para divulgação dos serviços socioassitenciais ofertados a indivíduos em situação de vulnerabilidade social na festa. 

Um destes espaços é o Estande dos Direitos Humanos, local instalado dentro da área do evento que  reúne assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais que monitoram, durante a festa, possíveis situações de violações de direitos, seja racismo, racismo religioso, LGBTQIfobia, trabalho infantil, abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, crianças desacompanhadas, e de desrespeito e violência contra mulheres e pessoas com deficiência.

Segundo dados levantados pela coordenação do Estande, desde o primeiro dia do evento (23) até o último domingo (26), foram feitas 28 abordagens sociais, sendo as crianças o maior público identificado em vivência de trabalho infantil e desacompanhadas de seus responsáveis.

Na oportunidade, foram distribuídos materiais de divulgação da campanha “Proteger a Infância é Transformar o Futuro”, gerida pelas secretarias municipais da Assistência Social e da Comunicação (Secom) que visa o enfrentamento do trabalho infantil na capital sergipana, da campanha “Respeita as ‘Minina’ na Festa Junina”, realizada em parceria com o Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE) e a colagem dos cartazes com a divulgação do Estande dos Direitos Humanos em bares, quiosques e isopores.

Adesão do público

O professor Josenilson Felizardo foi ao Forró Caju pela primeira vez e presenciou uma importunação sexual. Para ele, iniciativas como essas devem acontecer, principalmente em shows, onde muitos casos são registrados.

"Concordo e acho que todo mundo tem que ter liberdade, tanto para dançar como para não querer dançar. Acho que o respeito parte, a partir do momento que a gente vê na outra uma pessoa nossa, então se a pessoa não está com vontade de dançar ou não quer nenhum tipo de brincadeira, acho que tem que se respeitar. O São João e o Forró Caju são momentos de descontração, de confraternização, mas não de abuso. Acho que a campanha é válida, até mesmo para as pessoas terem respeito. Tava vendo a pouco um cidadão pegando uma jovem pela mão e ela disse que não queria dançar, então tem que respeitar”, opina Josenilson.

O operador de forno Adenilton Santos e sua esposa, a dona de casa, Rosilene Vieira, foram juntos curtir a noite de shows. Eles acham a ação necessária e que outras organizações deveriam aderir.

"É importantíssima essa ação e que em todos os eventos continuem tendo essas ações para as mulheres serem mais respeitadas porque não é não. Que não fique só nas festas. Que essa ação também aconteça na mídia porque a violência está crescendo a cada dia. São muitas mulheres sendo assassinadas por dia. E são violências de todas as formas, física, psicológica, sexual porque quando a mulher não permite é forçada a fazer", frisa Rosilene.

"Concordo. Tem que ter mesmo ações com essa para evitar esses tipos de acontecimentos. Tem homens que gostam de apalpar, pegando na mulher e elas não aceitam, com razão", considera Adenilton.

A cabeleileira Ivanilde Conceição recebeu o folheto da campanha “Proteger a Infância é Transformar o Futuro” de combate ao trabalho infantil. Ela achou o local propício à ação.

"Sou contra o trabalho infantil, acho que o poder público tem que ter um olhar mais atento a isso. Acho que essa campanha é muito importante, principalmente porque é um ambiente que realmente tem muitas situações como essa, crianças trabalhando de várias formas, catando latinha. Então essa é uma forma de conscientizar a população contra isso", afirma Ivanilde.

A comerciante Maria da Conceição possui uma barraca de espetinhos no evento e permitiu a colagem do cartaz em seu estabelecimento. 

"Acho que ter um espaço como o Estande é muito importante, principalmente pelo fato das mulheres que sofrem muitas violências no dia a dia. Ter numa festa como essa, esse estilo de trabalho é extremamente necessário, é mais segurança, é credibilidade", apoia Maria da Conceição.

Como proceder

Caso um cidadão que esteja na festa sofra ou presencie algum tipo de violação dos seus direitos humanos, poderá efetuar a denúncia no Estande, aos profissionais identificados distribuídos pela festa, ou por meio de um número de telefone (79) 98102-5822, disponível para ligações e Whatsapp.