Sem conseguir conter as lágrimas, a aracajuana Jailda Brito Reis, se emociona ao receber alta médica após passar pelos cuidados do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), ofertado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), aos pacientes em condições de dar continuidade ao tratamento médico em internamento domiciliar.
“Agradeço primeiramente a Deus, depois a essa equipe e à minha família”, diz Jailda que, apesar de quase perder a esperança diante do problema de saúde que vivenciou, hoje, se sente feliz e agradecida pela evolução do quadro clínico, a partir da assistência multiprofissional e disciplinar que recebeu do SAD, em casa.
Assim como Jailda, outros cerca de 380 pacientes de Aracaju foram admitidos para o programa do SAD desde sua implementação, realizada pela Prefeitura de Aracaju durante o período da pandemia da covid-19, em 2020. Entre os objetivos do serviço, além de desospitalizar pacientes, está a oferta de um atendimento mais humanizado.
No caso da dona Jailda, que sofreu complicações pós-operatórias, o atendimento domiciliar, com os cuidados da equipe de médicos, enfermeiros, nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo, significou muito além da recuperação física.
“Não tenho o que dizer. Se não fosse por eles, acho que eu estaria ainda sem saber o que fazer, com medo. Mas o atendimento que eu recebi, todo esse cuidado, mudou minha vida”, afirma ela, ainda emocionada.
De acordo com a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza, atualmente, 51 pacientes estão sendo acompanhados pelo serviço, encaminhados não apenas pelos hospitais municipais e unidades básicas, mas também pelos demais hospitais públicos da capital.
“Esse trabalho é extremamente importante, pois otimiza o fluxo nos leitos dos hospitais, reduzindo o tempo de internamento, sem desassistir o paciente que ainda necessita de cuidados, ao tempo que presta um serviço humanizado, através da equipe multidisciplinar”, destaca a secretária.
O médico do SAD, Raphael Andrade, explica que os pacientes do programa são admitidos a partir da rede hospitalar de saúde da capital (hospitais Fernando Franco e Nestor Piva, Hospital e Maternidade Santa Isabel, e Hospital São José), quando estão em condições de continuar o tratamento em internamento domiciliar, bem como são admitidos os pacientes da rede de atenção primária, com o objetivo de evitar que estes tenham agravo e necessitem de leito hospitalar.
“O paciente que vem da rede hospitalar, se trata daquele que tem alguma infecção aguda ou crônica agudizada, que ainda está finalizando o tratamento, mas já está evoluindo com melhora. Então, não obrigatoriamente ele precisa ficar dentro do hospital sendo exposto ao risco de uma nova infecção. Ele é transferido para um internamento domiciliar, onde receberá o atendimento das equipes do SAD”, descreve o médico.
O serviço do SAD acontece a partir de visitas domiciliares que podem ser diárias, caso o paciente necessite de medicações venosas, e é realizado com a participação dos familiares. “Quando o paciente apresenta melhoras, começamos a intercalar os atendimentos. Um dia a equipe faz o curativo, no outro dia, os familiares, que recebem toda orientação da equipe profissional, e assim segue até que o paciente evolua para uma estabilidade clínica, ou crônico estável”, explica Raphael Andrade.
A filha do senhor Jailson Mangueira, Jessica Santos, conta que, ao sair do hospital com o pai que sofreu um acidente automobilístico e ficou paraplégico, não sabia por onde começar para realizar os cuidados adequados. Agora, após o auxílio e acompanhamento que recebeu da equipe profissional do SAD, ela diz que já se sente preparada para o momento em que Jailson, de 56 anos, receber alta.
“Foi através deles e dos cuidados que tiveram que eu fui pegando experiência e, hoje, posso dizer que, graças a eles, eu sei fazer todos os cuidados. Antes eu nem conhecia esse serviço. Vim conhecer quando cheguei no posto de saúde e, no atendimento, indicaram o SAD. Imediatamente o pessoal veio aqui, eles foram muito rápidos. Realmente, é um trabalho muito bom, eles são ótimos e eu posso indicar a qualquer pessoa”, relata Jéssica.
Para o senhor Jailson, poder receber o tratamento em casa, perto da família, foi a melhor coisa que aconteceu.
“O pessoal cuida muito bem de mim e eu estou melhorando muito”, relata, satisfeito, o paciente.
Equipes multidisciplinar e multiprofissional
O SAD é composto por quatro Equipes Multidisciplinares de Atenção Domiciliar (EMAD), que conta com médicos, técnicos de enfermagem, enfermeiros e fisioterapeuta; e uma Equipe Multiprofissional de Apoio (EMAP), com nutricionista, fonoaudióloga, assistente social, fisioterapeuta e psicóloga, para os casos de reabilitação aguda.
A paciente Rayane de Andrade, de 7 anos, foi atendida por profissionais de ambas as equipes. Com fratura no fêmur, além dos cuidados para curativos e medicações, a criança necessitou de reabilitação para voltar a movimentar a perna, bem como precisou de assistência psicológica e nutricional.
“Rayane tem um histórico de fraturas, então, além de investigar o motivo de tantas fraturas de maneira recorrente, ela precisava melhorar a alimentação. Com o atendimento de nutricionista, foi feito um ajuste neste sentido. Além disso, o fisioterapeuta também visita Rayane, para que ela tenha uma menor comorbidade e menor prejuízo de andar”, destaca o médico Raphael.
Para a família, foi uma surpresa muito boa o atendimento do SAD, principalmente por conta das dificuldades de locomoção para levar a criança até as unidades de saúde.
“Eu não sabia que existia esse serviço assim, de graça, e tão ótimo, com tanta coisa, tanta vantagem. Hoje, ela já come melhor, dorme melhor, já fica esperando na cadeira no banheiro, para tomar banho”, conta a avó de Rayane, Márcia de Andrade.