Cemar realiza evento em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo

Agência Aracaju de Notícias
29/08/2022 17h54

Histórias de superação, respeito às vivências e confiança na luta contra o tabagismo foram as características que marcaram o evento organizado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), na tarde desta segunda-feira, 29, no auditório do Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo. 

Criada em 1986, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva e busca reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Conforme explica a pneumologista Ana Paula Argolo, técnica do Programa de Tabagismo Municipal, a metodologia utilizada para o tratamento é uma abordagem cognitivo-comportamental, realizada em grupo, associada ao apoio medicamentoso. Ela foi preparada pelo Instituto Nacional do Câncer, junto ao Ministério da Saúde, em um programa que existe à nível nacional, chamado de Programa Nacional de Controle do Tabagismo. 

“Acolhemos o paciente, por livre demanda, e, no primeiro momento, realizamos uma entrevista motivacional, que visa tanto avaliar o estado de saúde como o nível e tipos de dependência ao cigarro, assim como identificar características individuais que vão auxiliar a equipe a incentivar que ele deixe o vício. Depois, ele é conduzido a participar de um grupo, com até 15 pessoas, onde fornecemos, principalmente, informações sobre a doença, como ele ficou dependente e estratégias de pensamento e comportamento que vão facilitar o processo de cessação do tabagismo. Também identificamos a melhor forma de apoio medicamentoso, que o paciente leva daqui gratuitamente”, detalha Ana Paula. 

Na tarde de hoje, as pessoas que buscam deixar o tabagismo no passado puderam compartilhar suas experiências, motivando uns aos outros a seguirem um caminho livre do vício, sempre com respeito às diferentes trajetórias e confiantes de que o sucesso na empreitada traz benefícios tanto para a saúde quanto para o aspecto social.

Esteve presente, por exemplo, o autônomo José Cleilson Nascimento, 34 anos, que começou a fumar há quase dez anos, por influência de colegas de trabalho, e passou por um processo difícil, mas teve a força necessária para parar e viu sua vida se transformar. 

“Eu não gostava nem do cheiro do cigarro, mas, infelizmente, comecei a fumar junto com eles. Eu tinha 25, na época, fui parar agora, quase dez anos depois. Decidir que iria parar porque estava gastando muito e sentindo dores no peito. Graças a Deus apareceu essa oportunidade, fiz o tratamento e, em quatro meses, consegui parar. Os primeiros dias foram muito difíceis, eu roía as unhas, estava sempre estressado. Mas eu fui me controlando, tive força e vontade para continuar. Hoje em dia, minha saúde é melhor, consigo caminhar, o que não fazia antes, a família está mais unida, só coisa boa”, conta José.

No caso do aposentado José Alberto Villanova, 72 anos, a situação pode ter sido ainda mais complicada. Ele começou a fumar com 12 anos, escondido dos avós, na fazenda onde morava, e, seis décadas depois, pouca gente apostaria que ele conseguiria vencer o vício, mas foi exatamente isso que aconteceu, após iniciar o tratamento. 

“Uma médica que me acompanha me disse, em uma consulta, que eu precisava parar, e eu decidi abraçar o tratamento. Quem me conhece e vê a diferença não acredita, eu fumava um cigarro atrás do outro. Hoje, eu abomino o cigarro e me acho outra pessoa, não sou mais discriminado. Estou satisfeitíssimo e aconselho a todas as pessoas que querem deixar de fumar que procurem o projeto, porque ele ajuda muito”, afirma José Alberto.

Os relatos apontam como, dentro dos grupos, a ajuda mútua, o respeito e carinho compartilhados tanto pelos profissionais quanto por quem está se tratando pode fazer a diferença. 

Essa força da coletividade foi imprescindível para a auxiliar de serviços gerais Regiane dos Santos, 44 anos, que começou a fumar com 18, inicialmente apenas em festas, até que passou a comprar três carteiras por semana. Para ela, foi fundamental também acompanhar a situação grave de um amigo.  

“Eu já tinha tentado parar sozinha, mas não conseguia. Eu tenho um colega desenganado pelos médicos porque desenvolveu câncer no pulmão, por conta do cigarro, saber isso me fez ter ainda mais vontade de mudar. Eu coloquei na minha mente que podia largar o vício e prestei muita atenção no que diziam os médicos. Hoje, tem três meses e uma semana que eu não fumo e a diferença é grande, posso chegar perto das pessoas sem o constrangimento do cheiro forte, sorrir, respiro melhor, sou outra pessoa”, garante Regiane.

Durante todo o ano, pessoas com o desejo de parar de fazer uso do tabaco têm acesso ao Programa de Combate ao Tabagismo. O serviço é porta aberta e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, dentro do prédio do Cemar Siqueira Campos. O Programa é destinado às pessoas residentes em Aracaju, que devem apresentar esse comprovante e o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).