Projeto Florir promove dignidade menstrual e atua pela quebra de tabu

Agência Aracaju de Notícias
10/10/2022 14h32

Em 2021, por meio da Lei nº 5.399/2021, a Prefeitura de Aracaju, em parceria com Ministério Público de Sergipe (MPSE), teve firmado o Projeto Florir, atuação intersetorial que visa garantir dignidade menstrual às estudantes da rede municipal de ensino. 

A pobreza menstrual é um problema grave que atinge, principalmente, as pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Esse problema passou a ser combatido na capital sergipana a partir do projeto, iniciado no ano letivo de 2022 com a entrega de absorventes e a realização de palestras educativas sobre o tema. 

Desenvolvido a partir de um Plano Intersetorial Integrado, que reúne as secretarias municipais da Educação (Semed), da Assistência Social e da Saúde (SMS), o Florir combate estigmas, quebra tabus e assegura informações importantes para a saúde física e psicológica das crianças e adolescentes que menstruam, como explica a coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped) da Semed, Maíra Ielena Nascimento.

“A partir da regulamentação do Florir, ficou estabelecido que as escolas municipais devem promover a distribuição de absorventes higiênicos; produzir materiais didáticos acerca da menstruação e seus estigmas; fazer a formação dos profissionais da educação para abordar o tema e as questões de gênero porque nem todas as pessoas que menstruam são mulheres cisgênero; e, ainda, promover oficinas educativas nas escolas”, explica a coordenadora.

O projeto, que contempla mais de sete mil estudantes matriculadas na rede, garante não somente mais qualidade na educação, como também mais saúde e mais dignidade à população aracajuana.

“Dignidade menstrual é a compreensão de que todas as pessoas que menstruam possam ter o direito de receber os insumos necessários para viver a menstruação do modo mais higiênico e saudável possível”, detalha Maíra.

Quebrando tabu

Além de fazer a entrega dos absorventes, o projeto florir também tem como objetivo desmistificar o tema menstruação, que ainda é um tabu, cercado de desinformações. Para isso, são realizadas oficinas que discutem o tema com as estudantes, visando conscientizar e esclarecer, principalmente para as pessoas que ainda não menstruaram, que isso é uma consequência natural do corpo humano.

“As oficinas estão sendo fundamentais para discutir o tema da menstruação nas escolas, pois esse assunto ainda é um estigma, que causa constrangimento para muitas adolescentes receberem os absorventes. Ainda existe muita vergonha e receio, então as oficinas ajudam as estudantes a compreender que têm o direito à dignidade menstrual”, aponta Maíra Ielena.

A educadora Cláudia Correia, que ministra as oficinas, diz que está sendo muito gratificante contribuir de maneira tão significativa para a formação dessa nova geração.

“O diferencial do Programa Florir é agregar a entrega dos absorventes às ações educativas. É a partir dessa possibilidade de diálogo que podemos esclarecer dúvidas e quebrar os tabus referentes à menstruação. As oficinas estão focando, inclusive, nas estudantes que ainda não menstruam, para que possam entender que é algo natural do corpo”, declara Cláudia.

Pâmela Beatriz Brás, de 10 anos, menstruou pela primeira vez em julho deste ano e conta que aprendeu a utilizar o absorvente prestando atenção em como a mãe fazia. Ela ainda sente constrangimento de falar sobre o assunto, por isso a palestra ajuda a desmistificar o tema. 

“Aprendi um pouquinho mais, mas ainda dá um pouco de vergonha”, declara Pâmela. 

A estudante Débora Cristiane Valentin, de 12 anos, conta que menstruou aos 10. Ela recebeu as primeiras orientações sobre o uso do absorvente com a avó, mas foi na escola que teve informações mais detalhadas sobre o processo da menstruação.

“Essa palestra é muito importante porque, muitas vezes, a gente não sabe o que está acontecendo e aprende ouvindo o que as palestrantes explicam”, considera Débora.