EJA transforma histórias de vida e devolve autoestima para aracajuanos

Agência Aracaju de Notícias
23/11/2022 09h00
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“Minha mãe nunca me colocou na escola”, conta Tânia Cristina Santos, 58 anos. Após perder o esposo e passar por um período depressivo, ela decidiu realizar o sonho de aprender a ler e escrever. Hoje ela está matriculada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria, em Aracaju, onde cursa o ciclo I da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“Quando eu chegava em um banco, não conseguia nem assinar meu nome direito. Ficava com muita vergonha quando alguém me perguntava o que estava escrito e eu não sabia responder, tudo dependia da minha neta para ler pra mim. Agora já sei assinar meu nome e estou me sentindo muito melhor”, expressa Tânia.

Ela lembra que ficou com receio de voltar para a escola por causa da idade, mas venceu a vergonha e fez a matrícula. Há dois meses, ela frequenta as aulas regularmente e considera que tem feito muito bem. “As professoras tratam a gente muito bem e nos sentimos acolhidos perto delas. Agora vou realizar meu sonho de aprender a ler e escrever”, afirma ansiosa.

Primogênita de uma família com muitos filhos, Maria José dos Santos precisou abandonar a escola para ajudar a cuidar dos irmãos. “Sempre tive muita vontade de voltar a estudar, então decidi retomar os estudos. Aqui na escola eu gosto de tudo: de aprender, das professoras, dos colegas”, comenta.

Maria José revela que o maior sonho é escrever um livro, contar a própria história e relembrar dos fatos felizes. Por isso decidiu retomar os estudos, se matriculando na Emef Oviedo Teixiera, onde cursa o ciclo II da EJA. “Tenho certeza que vou realizar meu sonho e escrever meu livro agora que consegui retomar meus estudos”, enfatiza.

Novas perspectivas
A vida do estoquista Adelson Souza, 53 anos, é marcada por várias tentativas de estudar, mas devido aos desafios do percurso, teve que fazer algumas pausas, mas não desistiu. “Lá atrás eu não tive a oportunidade de estudar. Precisei trabalhar cedo, logo depois casei, tive filho, então não deu para dedicar minha vida ao estudo”, relembra.

Ele tentou voltar a estudar em 2006, mas quando mudou de emprego os horários chocavam e precisou abandonar novamente. “Ano passado consegui retomar novamente os estudos. Sem estudo a gente fica fora de muita coisa, então achei importante retomar de novo, aprender mais, desenvolver mais a minha vida”, salienta.

Adelson conta que tinha muita dificuldade para ler e depois das aulas na EJA conseguiu ter maior fluência. “Foi importante demais pra mim, eu sabia ler bem pouco e desenvolvi muito depois das aulas. Me senti outro”, expressa. O estoquista afirma que o filho de nove anos foi o principal incentivador para ele continuar estudando. “Ele me dá os parabéns e vai me motivando mais ainda, me fortalecendo”, relata.

Para quem precisou interromper os estudos e tem o desejo de continuar, Adelson incentiva: “o sonho nunca acaba, então é preciso ter fé para realizar esse sonho, porque o estudo é muito importante pra vida da gente. Quem estiver com receio de voltar a estudar, volte, porque só no primeiro dia com um pouco de vergonha, mas no segundo ou terceiro dia passa e a gente caminha para a frente”, considera.