Ecobueiros e ecobarreiras são soluções inovadoras para proteção do meio ambiente

Agência Aracaju de Notícias
27/02/2023 08h00

O crescimento das cidades tem como principal contraponto os efeitos causados ao meio ambiente e, neste sentido, o descarte irregular de lixo é uma das principais preocupações das administrações municipais. Na capital sergipana, essa questão vem sendo tratada como prioridade pela Prefeitura de Aracaju, que está investindo na instalação de ecobueiros e ecobarreiras para filtrar o lixo descartado em locais indevidos e, assim, prevenir a poluição de rios e mares, além de impedir que, em períodos de chuva, a cidade sofra com alagamentos ou inundações.

Os dois equipamentos, confeccionados e instalados pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), são compostos por materiais recicláveis, outra forma que a gestão municipal encontrou para não agredir o meio ambiente. Os ecobueiros começaram a ser instalados na capital em abril de 2022; já as ecobarreiras, no final de dezembro passado. Ambos são alocados em regiões com maior índice de descarte irregular, medidas que têm como base estudos a partir de uma parceria entre a Emsurb e a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb).

Os ecobueiros são uma espécie de grade acoplada aos bueiros da cidade que permite fazer uma filtragem do lixo jogado indevidamente na via pública, a exemplo de copos e embalagens plásticas. Assim, a retenção desse material facilita o processo de limpeza periódica, contribuindo para o rápido escoamento das águas, além de evitar que esse material pare em rios e mares.

Até o momento, a Emsurb já instalou 22 ecobueiros, contemplando os bairros Centro, Grageru, Farolândia, Novo Paraíso, Santos Dumont e Ponto Novo, como explica o presidente da Emsurb, Bruno Moraes.

“Para a instalação dos ecobueiros, realizamos estudos que nos mostraram os pontos da cidade que mais necessitavam desse tipo de equipamento. Inicialmente, foram detectados 200 pontos, no entanto, não adianta colocar ecobueiro em todos esses locais, pois nem todos eles recebem convergência das águas. A convergência se dá em estudo da microdrenagem, elaborado na construção das vias, e a conversão dessas águas é o ponto chave onde não se pode obstruir. Portanto, se uma rua tem cinco ou seis bueiros não precisamos instalar o ecobueiro em todos eles, só precisamos instalar onde há a conversão”, detalha.

Com os resultados colhidos no período de funcionamento desses equipamentos, a Prefeitura de Aracaju já estuda novos pontos para instalação e a expectativa, de acordo com Bruno Moraes, é que, daqui até o final deste ano, 90 ecobueiros estejam em funcionamento por toda a cidade.

“Um dos nossos desafios, no entanto, está relacionado aos furtos desses equipamentos. Para se ter uma ideia, no Santos Dumont todos os sete ecobueiros instalados foram furtados. Apesar de ser um equipamento de baixo custo, é preciso entender que, ainda assim, isso gera prejuízos financeiros ao Município, sem contar que o propósito deles deixa de ser executado, ou seja, em períodos de chuva, a cidade conta com menos ferramentas de auxílio contra alagamentos e inundações”, alerta.

De acordo com o gestor da Emsurb, mesmo sendo feitos de materiais reciclados, a confecção dos ecobueiros leva um tempo considerável. “Não é um equipamento feito em alta escala porque cada bueiro tem uma medida diferente, portanto, cada ecobueiro é feito sob medida para cada espaço que vai ocupar. Assim, não é possível simplesmente repor da noite para o dia. Já estamos trabalhando na confecção de outros sete ecobueiros para reinstalar no Santos Dumont, mas precisamos que a população tenha consciência dos prejuízos causados por esses furtos. Além de já termos acionado as autoridades competentes, contamos com o apoio da população, inclusive, para denunciar esse tipo de ação criminosa”, enfatiza.

Ecobarreiras
Outra inovação na área de limpeza urbana, em Aracaju, as ecobarreiras são estruturas mais recentes e instaladas especificamente em canais. Elas são fixadas na parte interna dos canais, aproveita as correntes naturais para reter o lixo, facilitando a sua coleta, funcionando, justamente, como uma barreira para impedir que o lixo descartado irregularmente vá para os rios e mares.

Atualmente, a Emsurb já instalou três ecobarreiras: a primeira, no canal da Anísio Azevedo, no bairro 13 de Julho; a segunda, no canal da avenida Salatiel Santana, no bairro Olaria; e a terceira no canal da avenida José Conrado de Araújo, no Bairro Industrial.

“Posteriormente, daremos sequência na região do Tramandaí, no bairro Jardins; na avenida Airton Teles, no bairro Santo Antônio; no conjunto Almirante Tamandaré, na avenida Santos Dumont; na avenida José Conrado de Araújo, no Bairro Industrial; como também na travessa Iracema, no bairro Japãozinho. Todos esses locais serão contemplados em uma sequência até o mês de março”, afirma Bruno Moraes.

O gestor da Emsurb explica que as ecobarreiras conseguem reter o lixo que fica na lâmina d’água, mas que, por possuir ganchos na parte submersa, consegue também reter materiais mais pesados que ficam no fundo dos canais. “Desta forma, elas impedem a obstrução de bueiros e galerias, e acaba tendo a não conexão com as vias e com as chuvas, contribuindo com o processo de drenagem”, pontua.

Diferente das já utilizadas telas de contenção, as ecobarreiras, assim como os ecobueiros, são feitas de material reciclável e, portanto, além de ter um processo de retenção maior, não agridem o meio ambiente.

“É uma preocupação com o nosso ecossistema. Aracaju é cortada por canais interligados a rios e tem uma vasta presença de mangues, então, temos essa preocupação de a cidade, a cada dia, interferir menos nos nossos ecossistemas. A gestão tem esse olhar voltado para as questões ambientais e reforçamos isso com esses equipamentos”, salienta Bruno.  

Limpeza
Conforme o presidente da empresa municipal, a limpeza de ambos os equipamentos é realizada de forma similar, a partir do monitoramento diário dos fiscais da Emsurb.

“Esses fiscais são estrategicamente alocados nas regiões onde estão os ecobueiros e as ecobarreiras e sinalizam a necessidade da limpeza. No entanto, existe a manutenção prévia, uma vez por semana. Todo o material retirado é levado ao destino correto e, sendo material reciclado, é encaminhado para as cooperativas com as quais temos parceria. É um processo acompanhado por toda a cadeia de limpeza, diretor, coordenador, gerente e nossos fiscais porque é um olhar que a Diretoria Operacional tem num aspecto de prevenção”, complementa o gestor.