Superar quer dizer tornar-se superior, ultrapassar, exceder, sobrepujar, alcançar vitória, vencer. No entanto, na perspectiva dos serviços ofertados pela Prefeitura de Aracaju, superar também significa transformar-se. E é com a finalidade de homenagear e fazer jus às barreiras ultrapassadas por mulheres que são assistidas pelos serviços municipais que a Secretaria da Assistência Social realizará, pela primeira vez, nesta quinta-feira, 9, às 15h, no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE), o Prêmio Supera Mulher.
Mais do que lembrar o Dia da Mulher, o prêmio é um reconhecimento a mulheres que, mesmo diante das imposições sociais, se desvencilharam de situações de vulnerabilidade e/ou violência. Ao todo, 20 mulheres foram escolhidas para receber a homenagem, representantes de tantas outras que, com histórias semelhantes, passaram a integrar estatísticas positivas de superação.
A secretária municipal da Assistência Social, Simone Passos, pontua que a indicação das mulheres homenageadas foi feita pelos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), numa forma de evidenciar a jornada de mulheres que, com determinação, contando, ainda, com o suporte dos equipamentos socioassistenciais, conseguiram superar a situação de vulnerabilidade.
“Trouxemos o prêmio para mostrar que é possível, sim, que as mulheres saiam deste tipo de situação, inclusive para encorajar outras mulheres que ainda não procuraram nossos equipamentos e serviços, que não tiveram esse contato com as nossas equipes técnicas, para que elas conheçam e saibam que existem mulheres que superam situações ou de violência, vulnerabilidade alimentar ou conseguiram se estruturar e entrar no mercado de trabalho, conseguiram entrar na universidade, por exemplo”, completa Simone.
Ao mesmo tempo, como ressalta a secretária, o prêmio também serve para mostrar o trabalho desenvolvido dentro dos equipamentos, “é como se fosse uma prestação de contas do nosso fazer profissional dentro da secretaria, um maneira de mostrar à sociedade que fazemos e atendemos mulheres todos os dias nos equipamentos e aquelas que se deixam levar pelo nosso atendimento, compreendem nosso trabalho profissional podem traçar, junto com a gente, os caminhos de superação da vulnerabilidade, e conseguem”.
Conforme a coordenadora de Políticas para as Mulheres da Secretaria, Edlaine Sena, a ideia do prêmio é evidenciar mulheres que, de alguma forma, foram invisibilizadas.
“Estamos acostumados a ver mulheres que já são referência sendo homenageadas, e isso não é um problema, mas por que não prestigiar, agora, aquelas que são invisíveis aos olhos da sociedade. São mulheres que têm uma grande história de luta, de valentia, de garra, de coragem, que conseguiram dar um passo à frente. Paralelo a isso, estamos mostrando que o serviço público é realizado com êxito, que os equipamentos funcionam e que a população pode ter o suporte que necessita. Homenagear é valorizar as lutas e conquistas dessas mulheres que, antes de mais nada, superaram a si mesmas, que se transformaram”, frisa Edlaine.
Superação
Uma das histórias celebradas pelo Prêmio é a da Daniele da Silva Rocha, de 31 anos, mãe de duas meninas. Ela é acompanhada pelo Cras desde 2018, depois de ter sofrido violência doméstica. Através do trabalho no Centro, ela foi levada ao Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV), ficou acolhida por alguns meses com suas duas filhas no Abrigo Núbia Marques para mulheres vítimas de violência e hoje, já acompanhada pelo Creas, está em seu segundo emprego, constituiu nova família e suas filhas estão crescendo e desenvolvendo-se sob os olhares atentos dos educadores sociais que auxiliam na construção de uma nova realidade.
“Comecei em reunião de mulheres, dentro do Cras, foi a base de tudo. Ganhei um outro olhar para tudo, para as coisas dentro de casa e, inclusive, sobre o que é ser mulher. Às vezes, a gente se esquece da gente em prol dos outros, mas, através dos grupos do Cras, comecei a me olhar cada vez mais e vi que aquilo que eu estava vivendo era violência doméstica. Foi o apoio que tive no Cras que tive força para sair dessa situação. Conheci o que é empoderamento feminino e quis mudar a minha vida”, destaca Daniele.
Para ela, a vulnerabilidade emocional e financeira era uma das grandes barreiras, “porque, quando se tem filhos e dependência financeira tudo parece mais pesado", frisa. "Acho até que é uma das principais causas para uma mulher permanecer num relacionamento abusivo. Como dizem ‘ruim com ele, pior sem ele’. Mas o que a gente precisa, realmente, é procurar ajuda, e eu tive ajuda dentro do Cras. Com apoio, fui em frente. Saí de casa com a roupa do corpo, meu RG e a certidão de nascimento das minhas filhas. Depois de vários episódios de violência doméstica e até tentativa de homicídio, decidi que não voltaria mais. Hoje, estou empregada, tenho minha independência financeira, sou empoderada e não aceito nem mais um grito de um homem”, orgulha-se.
Situação semelhante foi vivenciada por Carla Pereira Barros, de 37 anos. Aos 15 anos, casou, e perdeu o primeiro filho pouco depois. Após quatro anos, engravidou novamente e teve sua primeira filha. Nesta fase, já sofria violência doméstica, no entanto, não se dava conta desta realidade. Na época, morava no Santa Maria e, só depois que se mudou para o Bairro América, conheceu outras mulheres que a convidaram para a reunião do grupo de mulheres do Cras.
“Elas, que são minhas amigas até hoje, me perguntaram o porquê de eu não sair de casa, e eu disse que era porque o meu marido não deixava. Daí, elas me indicaram ir para o Cras, e lá comecei a frequentar as reuniões. Entendi que o que eu sofria era violência doméstica e passei a não mais aceitar as agressões dele. Fiz vários cursos, sendo que o primeiro foi de doces e salgados. Passei a vender e comecei a ter minha renda. Um dia, a psicóloga do Cras me perguntou se eu tinha o Ensino Médio completo e isso foi ainda mais transformador”, relata Carla.
Apesar de ter completado o Ensino Médio, há muito tempo não estudava e precisou de uma reciclagem, depois de ter tentado o Enem por três vezes seguidas.
“Estava pensando em desistir, mas, com o apoio que tive no Cras, tentei novamente e passei em quinto lugar para Pedagogia. Para uma pessoa que já vinha de uma situação ruim, isso foi gratificante demais. Conquistei minha liberdade emocional e financeira. Passei a depender só de mim. Hoje, sou formada, casei pela segunda vez. Vi que podia crescer. Descobri o que era ter uma vida porque o que eu vivia era uma prisão. Para que eu tivesse coragem para sair de casa, precisava de apoio e encontrei no Cras. Hoje, tenho o Cras como a minha segunda casa. Pude conhecer o mundo. Foram pessoas que chegaram a mim no momento certo, surgiram como anjos em minha vida para me tirar do fundo do poço”, conta a pedagoga que se formou no início deste ano, tendo uma das psicólogas do Cras como madrinha de formatura.Superar quer dizer tornar-se superior, ultrapassar, exceder, sobrepujar, alcançar vitória, vencer. No entanto, na perspectiva dos serviços ofertados pela Prefeitura de Aracaju, superar também significa transformar-se. E é com a finalidade de homenagear e fazer jus às barreiras ultrapassadas por mulheres que são assistidas pelos serviços municipais que a Secretaria da Assistência Social realizará, pela primeira vez, nesta quinta-feira, 9, às 15h, no auditório do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe (TCE/SE), o Prêmio Supera Mulher.
Mais do que lembrar o Dia da Mulher, o prêmio é um reconhecimento a mulheres que, mesmo diante das imposições sociais, se desvencilharam de situações de vulnerabilidade e/ou violência. Ao todo, 20 mulheres foram escolhidas para receber a homenagem, representantes de tantas outras que, com histórias semelhantes, passaram a integrar estatísticas positivas de superação.
A secretária municipal da Assistência Social, Simone Passos, pontua que a indicação das mulheres homenageadas foi feita pelos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), numa forma de evidenciar a jornada de mulheres que, com determinação, contando, ainda, com o suporte dos equipamentos socioassistenciais, conseguiram superar a situação de vulnerabilidade.
“Trouxemos o prêmio para mostrar que é possível, sim, que as mulheres saiam deste tipo de situação, inclusive para encorajar outras mulheres que ainda não procuraram nossos equipamentos e serviços, que não tiveram esse contato com as nossas equipes técnicas, para que elas conheçam e saibam que existem mulheres que superam situações ou de violência, vulnerabilidade alimentar ou conseguiram se estruturar e entrar no mercado de trabalho, conseguiram entrar na universidade, por exemplo”, completa Simone.
Ao mesmo tempo, como ressalta a secretária, o prêmio também serve para mostrar o trabalho desenvolvido dentro dos equipamentos, “é como se fosse uma prestação de contas do nosso fazer profissional dentro da secretaria, um maneira de mostrar à sociedade que fazemos e atendemos mulheres todos os dias nos equipamentos e aquelas que se deixam levar pelo nosso atendimento, compreendem nosso trabalho profissional podem traçar, junto com a gente, os caminhos de superação da vulnerabilidade, e conseguem”.
Conforme a coordenadora de Políticas para as Mulheres da Secretaria, Edlaine Sena, a ideia do prêmio é evidenciar mulheres que, de alguma forma, foram invisibilizadas.
“Estamos acostumados a ver mulheres que já são referência sendo homenageadas, e isso não é um problema, mas por que não prestigiar, agora, aquelas que são invisíveis aos olhos da sociedade. São mulheres que têm uma grande história de luta, de valentia, de garra, de coragem, que conseguiram dar um passo à frente. Paralelo a isso, estamos mostrando que o serviço público é realizado com êxito, que os equipamentos funcionam e que a população pode ter o suporte que necessita. Homenagear é valorizar as lutas e conquistas dessas mulheres que, antes de mais nada, superaram a si mesmas, que se transformaram”, frisa Edlaine.
Superação
Uma das histórias celebradas pelo Prêmio é a da Daniele da Silva Rocha, de 31 anos, mãe de duas meninas. Ela é acompanhada pelo Cras desde 2018, depois de ter sofrido violência doméstica. Através do trabalho no Centro, ela foi levada ao Departamento de Atendimento aos Grupos Vulneráveis (DAGV), ficou acolhida por alguns meses com suas duas filhas no Abrigo Núbia Marques para mulheres vítimas de violência e hoje, já acompanhada pelo Creas, está em seu segundo emprego, constituiu nova família e suas filhas estão crescendo e desenvolvendo-se sob os olhares atentos dos educadores sociais que auxiliam na construção de uma nova realidade.
“Comecei em reunião de mulheres, dentro do Cras, foi a base de tudo. Ganhei um outro olhar para tudo, para as coisas dentro de casa e, inclusive, sobre o que é ser mulher. Às vezes, a gente se esquece da gente em prol dos outros, mas, através dos grupos do Cras, comecei a me olhar cada vez mais e vi que aquilo que eu estava vivendo era violência doméstica. Foi o apoio que tive no Cras que tive força para sair dessa situação. Conheci o que é empoderamento feminino e quis mudar a minha vida”, destaca Daniele.
Para ela, a vulnerabilidade emocional e financeira era uma das grandes barreiras, “porque, quando se tem filhos e dependência financeira tudo parece mais pesado", frisa. "Acho até que é uma das principais causas para uma mulher permanecer num relacionamento abusivo. Como dizem ‘ruim com ele, pior sem ele’. Mas o que a gente precisa, realmente, é procurar ajuda, e eu tive ajuda dentro do Cras. Com apoio, fui em frente. Saí de casa com a roupa do corpo, meu RG e a certidão de nascimento das minhas filhas. Depois de vários episódios de violência doméstica e até tentativa de homicídio, decidi que não voltaria mais. Hoje, estou empregada, tenho minha independência financeira, sou empoderada e não aceito nem mais um grito de um homem”, orgulha-se.
Situação semelhante foi vivenciada por Carla Pereira Barros, de 37 anos. Aos 15 anos, casou, e perdeu o primeiro filho pouco depois. Após quatro anos, engravidou novamente e teve sua primeira filha. Nesta fase, já sofria violência doméstica, no entanto, não se dava conta desta realidade. Na época, morava no Santa Maria e, só depois que se mudou para o Bairro América, conheceu outras mulheres que a convidaram para a reunião do grupo de mulheres do Cras.
“Elas, que são minhas amigas até hoje, me perguntaram o porquê de eu não sair de casa, e eu disse que era porque o meu marido não deixava. Daí, elas me indicaram ir para o Cras, e lá comecei a frequentar as reuniões. Entendi que o que eu sofria era violência doméstica e passei a não mais aceitar as agressões dele. Fiz vários cursos, sendo que o primeiro foi de doces e salgados. Passei a vender e comecei a ter minha renda. Um dia, a psicóloga do Cras me perguntou se eu tinha o Ensino Médio completo e isso foi ainda mais transformador”, relata Carla.
Apesar de ter completado o Ensino Médio, há muito tempo não estudava e precisou de uma reciclagem, depois de ter tentado o Enem por três vezes seguidas.
“Estava pensando em desistir, mas, com o apoio que tive no Cras, tentei novamente e passei em quinto lugar para Pedagogia. Para uma pessoa que já vinha de uma situação ruim, isso foi gratificante demais. Conquistei minha liberdade emocional e financeira. Passei a depender só de mim. Hoje, sou formada, casei pela segunda vez. Vi que podia crescer. Descobri o que era ter uma vida porque o que eu vivia era uma prisão. Para que eu tivesse coragem para sair de casa, precisava de apoio e encontrei no Cras. Hoje, tenho o Cras como a minha segunda casa. Pude conhecer o mundo. Foram pessoas que chegaram a mim no momento certo, surgiram como anjos em minha vida para me tirar do fundo do poço”, conta a pedagoga que se formou no início deste ano, tendo uma das psicólogas do Cras como madrinha de formatura.