Prefeitura oferta recursos terapêuticos na rede municipal para prevenção de doenças

Saúde
27/03/2023 10h32
Início > Noticias > 99558

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, iniciada no Brasil em 2011, prevê o fortalecimento de vivências que visam a saúde integral dos sujeitos e a integração dos saberes tradicionais. Em Aracaju, a Secretaria Municipal da Saúde oferta os serviços de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) em dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e no Centro de Especialidades Médicas (Cemar).

As práticas integrativas buscam a prevenção de doenças e a recuperação da saúde, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. Algumas delas são medicina tradicional chinesa/acupuntura, medicina antroposófica, homeopatia, plantas medicinais e fitoterapia, termalismo social/crenoterapia, arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, Osteopatia, reiki, yoga, aromaterapia.

Segundo a coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (Reps), Camilla Albuquerque, as práticas integrativas expressam uma visão ampliada de saúde. “Elas integram saberes tradicionais, validando de forma científica os saberes e práticas que, antes, eram chamadas de alternativas, atuando de forma a integrar e complementar o cuidado em saúde. Utilizar essas práticas sinaliza um processo de reorientação no cuidado, capaz de mostrar que são possíveis outras formas de aprender, praticar e cuidar da saúde, de si e dos outros”, explica.

No Caps Ivone Lara, localizado no bairro Cirurgia, o serviço é voltado para o público infanto-juvenil e seus familiares, a partir das práticas de auriculoterapia, ventosa, massagem e escalda pés. Já no Caps Jael Patrício, situado no bairro Cidade Nova, o público-alvo são adultos em sofrimento mental grave ou severo, que participam de um grupo fixo de meditação e, eventualmente, atividades de dança circular e biodança.

No bairro Siqueira Campos, o Cemar oferece, semanalmente, quarenta atendimentos de acupuntura, realizados por duas médicas especialistas na área. De acordo com a gerente do serviço de acupuntura do Cemar, Jane Maranhão, os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira, do seguinte modo: segunda e quarta, à tarde; terça, pela manhã; quinta e sexta, manhã e tarde.

“O serviço de acupuntura do Cemar atende todos os municípios sergipanos e o paciente chega aqui regulado pela unidade de saúde, por meio do Núcleo de Controle, Avaliação e Regulação. Assim, ele é encaminhado para a primeira consulta diagnóstica, depois para triagem e o médico avalia se o paciente tem perfil para ir ao agulhamento. Se tiver, o médico realiza os agendamentos, que podem ser semanais ou quinzenais, e pode ir até dez sessões de acupuntura”, detalha a coordenadora Jane Maranhão.

O serviço de acupuntura do Cemar é desenvolvido pelas médicas especialistas e doutoras Maria Luiza e Maria Aparecida. A prática consiste em introduzir agulhas em determinadas regiões do corpo que são estimuladas e a partir dos nervos periféricos vão até a medula e o sistema nervoso central. Dessa forma serão produzidas substâncias que vão relaxar os músculos e inibir a dor.

Drª Maria Luiza destaca que as áreas mais afins são as que se relacionam com a dor. “Os efeitos científicos da acupuntura são comprovadamente de alívio de sintomas dolorosos, principalmente. Qualquer especialidade pode utilizá-la, seja para pacientes com asma; questões psiquiátricas, coadjuvando o tratamento de depressão; é muito bom para ansiedade; para problemas digestivos etc. Nós trabalhamos predominantemente com pacientes com dor crônica, a exemplo de dor de cabeça, dor na lombar, tendinite, lombalgia, dentre outros”, pontua.

Maria Célia Lima de Souza se desloca do povoado Serra dos Homens, no município de Porto da Folha, para ser atendida pelo serviço de acupuntura do Cemar, em Aracaju. Ela tem hérnias de disco na cervical e na lombar, além de bico de papagaio e uma rotina de muitas dores nas pernas e braços. Segundo ela, a vida na roça é exaustiva e, por vezes, ter repouso adequado é difícil.

“Eu fiz uma ressonância para saber por que sentia tantas dores de cabeça e o neurologista logo me encaminhou para a acupuntura. Quando cheguei eu também não conseguia nem dobrar as pernas, agora já consigo e as dores de cabeça também diminuíram. Se apenas três sessões já mudaram o meu dia a dia para melhor, imagine quando fizer mais. Eu não tinha coragem para fazer as coisas, mas agora é diferente, sinto mais ânimo”, conta Maria Célia.

A doutora Maria Aparecida explica por que os efeitos da acupuntura são perceptíveis com apenas poucas sessões. “Nós fazemos o agulhamento na parte indicada. Isso vai estimular o sistema nervoso, que vai resultar no efeito de alívio da dor. Nós agimos nas proximidades dos nervos, por isso causamos pequenos choques. Esse estímulo sobe para a cabeça, liberando as endorfinas e neurotransmissores para apresentar a melhora do incômodo que o paciente estiver sentindo”.