Escolas municipais celebram Semana dos Povos Indígenas com atividades pedagógicas

A fim de abranger o conhecimento sobre os indígenas e promover a valorização cultural, as escolas da rede municipal de ensino de Aracaju convidaram membros da comunidade Kariri-xocó, que habitam em Porto Real do Colégio (AL), para mostrar um pouco de sua vivência aos alunos. Durante as visitas, além das exposições de trabalhos manuais, os estudantes assistiram a apresentações de danças, músicas e tiraram dúvidas sobre as tradições deste povo. As ações fazem alusão ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril. 

Na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Maria Clara Machado, localizada no bairro Santos Dumont, a visita dos indígenas encantou as crianças na manhã desta terça-feira, 18. Na unidade de ensino, o tema é trabalhado durante todo o mês de abril através do projeto 'Índio não quer apito, índio quer respeito'. Nele, são realizadas atividades pedagógicas como contação de histórias, musicalidade, pintura e trabalhos manuais, durante o dia a dia de sala de aula, visando o aprendizado acerca da tradição e da identidade dos povos originários brasileiros.

A coordenadora da Emei, Cândida Maria dos Santos, pontua a importância de mostrar às crianças que os indígenas não são apenas parte da história, como também existem e fazem parte de um presente onde sua identidade, cultura e diferenças precisam ser valorizados e preservados.

"Também abordamos a aprendizagem de letras e números através deste projeto, mas também queremos que eles entendam que, hoje, muitos desses povos vivem de maneira diferente de antigamente, não moram só em ocas, usam celulares. Então, o contato com essas pessoas é imprescindível porque ensina sobre diversidade, sobre enxergar o outro e respeitar. Eles não cobram pela visita, mas fizemos uma campanha para a comunidade escolar ajudá-los com alimentos", destaca Cândida. 

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Presidente Vargas, do bairro Siqueira Campos, levou os estudantes para o auditório Antônio Vieira Neto para apresentação de outro grupo do povo Kariri-xocó na última segunda, 17. Além de apresentações, também foi realizado um diálogo dos indígenas com os alunos do 1º ao 9º ano. O diretor da unidade, Robson Santana, afirma que abordar a cultura dos povos originários já faz parte do cronograma e do currículo da unidade de ensino.

"Nosso objetivo é fazer com que os alunos percebam esse povo além dos livros didáticos. Fazemos questão desse encontro e, com certeza, foi um momento muito bom, onde os estudantes puderam tirar suas dúvidas, conversar com os indígenas e saber mais em relação a esta cultura e a importância deles na construção do nosso país. Além disso, também trabalhamos o assunto na sala de aula. Apesar de não falarmos sobre este tema somente nesta data alusiva, nesta semana damos mais ênfase ao tema", explica o gestor.

Wyrá Kariri-Xocó foi um dos representantes indígenas da sua comunidade a visitar a Emei Maria Clara e outras unidades de ensino da rede. Ele diz que as visitações são chamadas por eles de 'Projeto de Educação Patrimonial e Cultural', tendo como foco mostrar para todos a realidade de seu povo e o que é ser indígena e como vive na atualidade.

"É bastante gratificante tirar o sorriso de uma criança através da nossa presença. A gente não quer mais mostrar apenas o que o livro de história conta sobre os indígenas. Ainda existe um preconceito. Pelo fato de ser indígena, devemos andar nos adequando às regras do branco. Hoje, não vivemos mais como viviam nossos antepassados, da pesca e caça, por não termos mais o meio ambiente como era antes, mas o que temos nós preservamos", explana Wyrá.

Ele evidencia o quanto esse contato com os estudantes é importante para a valorização da identidade brasileira e do respeito às diferenças. 

"Antes do Brasil colônia, existia o Brasil Cocar, o Pindomara. Por isso, precisamos que muitos deixem o preconceito de lado e entendam que precisamos de mais apoio para preservar a nossa identidade e a nossa cultura", pontua o indígena.