Musicalidade corporal: Funcaju realiza oficina para músicos, atores e professores

Cultura
16/10/2017 15h10

Uma das maiores referências em percussão corporal do país, o grupo ‘Barbatuques’ se tornou conhecido por desenvolver uma técnica muito particular de percussão corporal. Essa técnica, onde o instrumento é o próprio corpo, será ensinada num workshop realizado pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), através da Escola de Artes Valdice Teles. O programa de formação continuada acontece na escola de arte (rua Vila Cristina, 354, bairro São José), na sexta-feira, 20, a partir das 14h, e prossegue no sábado, 21, às 9h.

A oficina, que será ministrada por Maurício Maas, o Macalé, do grupo Barbatuques, é direcionada a atores, músicos, bailarinos e performers, além de arte-educadores e professores. O workshop utilizará jogos musicais adotados pelo grupo ‘Barbatuques. A proposta é estimular a prática e a reflexão sobre a importância de uma pedagogia musical na formação do artista da cena, tendo como ponto de partida a pesquisa do próprio corpo como instrumento musical.

Para Maurício Maas, o artista da cena precisa ter em sua formação um mínimo de conhecimento musical, além daquele que já sabe, geralmente de forma intuitiva. “Através da prática de diversos jogos musicais corporais, a oficina oferece a possibilidade de experimentar um ‘fazer musical’ diferente e inusitado. Esta empatia lúdica pode proporcionar ao participante uma apropriação, de forma simples e natural, de diversas qualidades e conceitos musicais, como escuta, atenção, estado de jogo, ritmo, pulso, afinação, improvisação, entre outros”, explicou Maas.

Ainda segundo o membro do ‘Barbatuques, a ideia da interdisciplinaridade entre as artes tem se mostrado cada vez mais importante e necessária. Para ele, a música e as sonoridades cênicas estão dialogando cada vez mais com outras áreas artísticas e vice-versa. “O artista, especialmente aquele em formação, precisa estar sempre expandindo suas capacidades cognitivas e criativas, ampliando assim seu repertório de possibilidades corporais e artísticas. O uso do corpo como instrumento musical proporciona mais uma valiosa ferramenta, disponível, acessível e inovadora”.

A proposta da Formação Continuada da Valdice Teles é poder compartilhar, brincar, treinar, tocar, estudar e refletir o uso de todo este conhecimento pedagógico dos ‘Barbatuques’, adquirido e pesquisado ao longo de mais de vinte anos, na construção de um artista mais completo e integrado.

A diretora da Escola de Artes Valdice Teles Giuliana Maria, afirma que a escola vem passando por mudanças na gestão de Silvio Santos e as oficinas são parte dessa reformulação. “É uma construção bonita de uma reflexão sobre o que a escola representa hoje em Aracaju. Nesse sentido a Formação Continuada, com educadores e colaboradores - que já trouxe momentos muito importantes de reflexão e discussão sobre a importância da Inclusão, as consequências do racismo e LGBT fobia na escola - vem ocupando um papel de destaque”.

Giuliana explica que, a partir do bate-papo com o ator e educador paulistano Fernando Oliveira, nasceu a estratégia da integração de linguagens - colocar a música, o teatro, a dança e as artes visuais, que são oferecidas na escola, para dialogarem entre si. “Daí veio a ideia de convidar o Maurício Maas, o Macalé, do Barbatuques. Além de ser integrante desse grupo de sucesso e reconhecido internacionalmente, o Macalé é formado em artes cênicas e está desenvolvendo sua tese de mestrado sobre o tema da integração de linguagens - como é importante a percepção rítmica e musical para todos os artistas da cena, além dos artistas visuais e educadores também”, observou a dirigente da escola.

Maurício Maas é formado em Artes Cênicas pela ECA/USP, onde atualmente está cursando mestrado em Pedagogia Teatral, tendo como eixo de pesquisa os fundamentos desta oficina. Participou de diversas peças e grupos musicais. Músico multi instrumentista, ator, professor, sonoplasta, preparador musical, diretor e produtor musical, compositor de trilhas sonoras, é integrante do grupo Barbatuques desde 2000, onde se apresenta artisticamente e ministra cursos e workshops de percussão corporal pelo Brasil e pelo mundo. É professor especialista no Curso de Formação em Teatro Musical desde 2014 no SESI-SP, onde ministra a disciplina “Percussão Corporal”.