Médicos, enfermeiros, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais e nutricionistas participam até esta sexta-feira, 16, do I Seminário de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) - ‘Desafios para a Saúde Pública no século XXI' - promovido pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O objetivo do encontro é discutir o contexto atual das DANT com cerca de 400 profissionais que atuam na saúde pública do município e capacitá-los para uma política eficaz de vigilância a fatores de risco e de disseminação de práticas preventivas. Também participam estudantes universitários de áreas ligadas ao tema.
O evento foi aberto na tarde desta quinta-feira, 15, no auditório do hotel Parque dos Coqueiros, na Atalaia, e contou com a presença de trabalhadores das diversas áreas ligadas à promoção e assistência em saúde. A palestra inicial foi proferida pela consultora do Ministério da Saúde (MS) Cheila Marina, que atua na área de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes. A facilitadora tratou de 'Políticas Públicas de Vigilância de DANT - Da evidência à intervenção', e falou sobre os protocolos disseminados no país pelo Governo Federal, em parceria com estados e municípios, para a promoção da alimentação saudável e da atividade física, da prevenção de acidentes, do enfrentamento à violência e do combate a hábitos nocivos à saúde.
Cheila Marina destacou o papel que da Prefeitura em relação às DANT. "Aracaju tem servido de modelo para o país, pois tem um dinamismo muito grande ao implementar as suas vigilâncias. E os municípios vão ter que aprimorar cada vez mais seus setores de doenças e agravos não transmissíveis para ofertar cuidados básicos à população referentes a doenças cardiovasculares e implantar serviços de prevenção, de proteção e de promoção de saúde no que se refere às violências, sejam elas por agressão ou acidentes de trânsito", explicou a especialista.
Segundo a coordenadora de DANT da SMS, Sayonara Carvalho, o seminário abre espaço para debater as ações já realizadas pelo núcleo, como prevenção ao tabagismo, violência familiar e alimentação saudável. "O município tem implementado esse sistema de vigilância em doenças e agravos não transmissíveis como forma de reduzir a mortalidade de jovens e adultos, utilizando as informações que se tem para subsidiar as ações, promovendo a prevenção de diversas formas", informou.
Ainda de acordo com Sayonara, Aracaju é um município que ainda dispõe de muito espaço para promover a prática da atividade física, o lazer e a cultura a fim de reduzir o sedentarismo e o risco de violência, especialmente entre os jovens. "Através da promoção da saúde, vamos diminuir as violências e os agravos que podem levar às doenças que causam internamentos e mortes, como a ociosidade, o tabagismo e o alcoolismo, sendo que esse último fator ainda influencia na ocorrência de acidentes de trânsito, outro foco da ação da Prefeitura, através da SMTT [Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito]", explicou a coordenadora.
Sayonara explica que o trabalho de Vigilância em DANT consiste na coleta dados de morbidade (doenças), mortalidade, além de dados sobre fatores de risco e fatores promotores da saúde. Estes dados são submetidos à análise e são propostas medidas para a promoção da saúde, para o controle das doenças e para a reabilitação das seqüelas físicas e emocionais. "A partir dessas informações, são traçadas estratégias de promoção da saúde através de uma melhoria da qualidade de vida da população, agregando não só ações de competência do setor saúde, mas também de outros setores da sociedade. Isso implica em mudanças nas políticas públicas, no comportamento das pessoas em relação à própria saúde, e no estímulo à implantação de cidades saudáveis. E é isso que estamos discutindo aqui", acrescentou.
Ainda nesta quinta-feira, foi realizada uma mesa redonda com os temas 'Práticas Preventivas de combate as DANT', 'Atividade
Física como fator de proteção à saúde', e 'Alimentação Saudável', que foram conduzidos, respectivamente, pelo coordenador do Núcleo de Atividade Física do DANT, o educador físico Bráulio Alcântara, pelo professor doutor Antônio Cabral, do Núcleo de Pesquisas em Atividade Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e pela coordenadora do Núcleo de Nutrição da UFS, a nutricionista Raquel Mendes. A tarde foi encerrada com a conferência 'Políticas Públicas de Alimentação Saudável, conduzida pela especialista Maria Bertolin, do Ministério da Saúde. Confira a programação!
DANT
Segundo o Ministério daSaúde, as Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) são responsáveis no Brasil por, aproximadamente, 75% da mortalidade geral, 60% das internações pagas e 70% dos gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações de indivíduos no Brasil. Entre as DANT, destacam-se as doenças crônicas não transmissíveis, cuja característica mais comum é a ausência de infecção ou contágio (doenças cardíacas e cerebrovasculares, cânceres, diabetes, hipertensão arterial); doenças mentais (depressão, síndrome do pânico, neuroses e psicoses, além do uso de álcool e drogas lícitas e ilícitas); lesões físicas e emocionais caudadas por acidentes e violências (incluindo os traumatismos em geral, os acidentes de trabalho e de trânsito e a violência doméstica).
As doenças e agravos se caracterizam por múltiplas causas, longo tempo de evolução, ou são acontecimentos pontuais (acidentes, violência, acidente vascular cerebral) com evolução para óbito, ou recuperação com sequelas e necessidades de reabilitação e readaptação às novas condições de vida. Elas estão diretamente relacionadas à forma como a sociedade está organizada e ao estilo de vida da população. Muitas delas são decorrentes de hábitos não saudáveis, tais como alimentação inadequada ou insuficiente em quantidade, uso de alimentos industrializados com substâncias nocivas à saúde (gorduras trans e saturadas, excesso de sal, conservantes, realçadores de sabor), alimentos contaminados com agrotóxicos; falta de atividade física (sedentarismo); tabagismo; álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas.
Certas condições podem favorecer ainda mais o aparecimento de determinadas doenças e agravos, tais como as condições ambientais (poluição atmosférica, convivência com o estresse urbano, violência, exposição à radiação solar e outros elementos cancerígenos); aspectos sociais (condições econômicas, conflitos pessoais e familiares não resolvidos, discriminação racial, discriminação contra a mulher e outras situações de vulnerabilidade social); aspectos ocupacionais (situações de stress no trabalho, subemprego e desemprego, medo de perder o emprego além de inúmeras situações de sobrecarga), aspectos culturais (ocupação do tempo livre, perda da identidade cultural por determinados grupos - índios, migrantes, etc -, atividades de lazer, acesso à educação e a informação além da influência da mídia no comportamento relativo a estilo de vida, hábitos, desejos de consumo etc.
Essas doenças têm repercussões sociais importantes, que variam de leves a muito graves, afetam a qualidade de vida da população e afetam até mesmo a economia do país, pois têm um custo social, gerando absenteísmo (faltas e queda na produtividade do trabalho); retirada precoce da força produtiva devido à morte e incapacidade de jovens e adultos por acidentes e violências ou doenças crônicas; custos elevados com o tratamento, hospitalização e a reabilitação; diminuição da qualidade de vida em geral, causando dor, limitação física e eventualmente dependência; aumento de gastos na previdência social.