O homem que se cuida não perde o melhor da vida. É com esse enfoque que o Ministério da Saúde (MS), em parceria com as unidades de saúde dos municípios brasileiros, vem comandando a campanha da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Com o objetivo de mudar o quadro que mostra a escassa procura dos homens a atendimentos médicos, profissionais de todo o Brasil se empenham para aumentar a expectativa de vida da população masculina.
Segundo pesquisas realizadas pelo próprio Ministério, os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e, de cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Em Aracaju, o quadro também começa a mudar com a intensificação dos trabalhos de promoção à saúde do homem, devido aos trabalhos realizados pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Atividades
Logo após o lançamento da campanha pelo Governo Federal, no mês de agosto, a SMS deu início às ações com a realização de um seminário sobre câncer de pênis, doença recorrente no Brasil que, segundo levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 2007, acomete principalmente os pacientes de baixa renda.
"No dia 14 de setembro, trouxemos o presidente da SBU, José Carlos de Almeida, para falar sobre como evitar o câncer de pênis e os principais cuidados para quem precisa tratar a doença. No mesmo evento, falamos de outros cuidados especiais que o homem deve ter com a sua saúde, o que foi bastante proveitoso", relembra o coordenador do Programa Municipal de DST/Aids, o médico José Eudes Barroso.
Ainda de acordo com o Eudes Barroso, um dos resultados mais positivos trazidos pelo seminário foi o aumento da procura por parte dos homens em algumas unidades de saúde. "A busca dos homens por informação e atendimentos médicos ainda é pouca para as metas da campanha, mas percebemos que o ritmo está aumentando paulatinamente", afirma.
As atividades iniciais estão sendo complementadas pelos materiais informativos produzidos pelo Programa de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (Dant) da SMS, que abordam formas de prevenção e orientam que os homens procuram os serviços públicos de saúde. São dois mil folderes e 200 cartazes informativos sobre cinco temas que afligem a saúde do público masculino: hipertensão, diabete, tabagismo, alcoolismo e cirrose.
Para 2010, as metas já estão bem traçadas. "Nós trabalhamos com a faixa etária de 29 a 59 anos, idade mais comum para o surgimento de doenças como o câncer de pênis, de próstata e doenças cardiovasculares. Mas, no próximo ano, enfocaremos o público que vai de 30 a 49 anos, com a meta de atender pelo menos 20% da população dessa faixa etária em um ano. Se conseguirmos chegar a esse ponto, já será um avanço significativo, com a possibilidade de superar esses planos", explica o coordenador do programa municipal.
Números
Dados da SMS mostram números alarmantes sobre a incidência de câncer e outras doenças graves que acometem os homens em Aracaju. Somente entre 2008 e o mês de julho de 2009, a SMS registrou 729 casos de óbito resultantes de doenças no pênis. Além disso, a ocorrência de 451 mortes por câncer e 658 casos de transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool também chamam a atenção dos profissionais da saúde em Aracaju.
O responsável técnico pelo Programa de Saúde do Homem no município de Aracaju, o enfermeiro José Antonio Barreto Alves, também revela outras estatísticas negativas. "Dos 155.252 homens que moram em Aracaju com idades entre 20 e 59 anos, 1.325 morreram por conta de doenças cardiovasculares e mais de mil foram a óbito devido a patologias respiratórias, incluindo o câncer de pulmão, de 2008 até julho desse ano", divulga José Antônio.
Saúde do Homem
A campanha da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi lançada no último mês de agosto pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de aumentar a expectativa de vida e reduzir os índices de doenças e mortes entre os homens. Segundo um comunicado oficial divulgado pelo MS, o investimento previsto é de R$ 613,2 milhões até 2011.
A campanha tem ações previstas para os próximos dois anos e foi baseada numa pesquisa feita com sociedades médicas brasileiras e conselhos de saúde. Divulgado em 2008, o levantamento ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a população masculina não procura o médico por conta, principalmente, de barreiras culturais.
Ainda segundo o MS, os homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está mais avançada. Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de casa, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre o assunto, Eudes Barroso explica que, para que o homem possa prevenir doenças específicas, é preciso mudar alguns hábitos. "Para focar a prevenção ao câncer de pulmão, por exemplo, nós temos que enfatizar a campanha de combate ao tabagismo, bem como a do câncer de pênis precisa abordar a questão da higiene. Outras patologias que acometem os homens e que necessitam de uma mudança de hábitos são as doenças cardiovasculares (hipertensão arterial e diabetes)", complementa.
