São extremas as condições de vida de quem depende do material catado nos lixões para sobreviver. A saúde dos catadores é constantemente ameaçada pelo lixo orgânico apodrecido e por objetos contaminados. Como se não bastasse, os catadores de lixo precisam disputar espaço entre si e com ratos e urubus. Essa realidade mudou para 40 catadores - hoje ex-catadores - que trabalhavam no lixão do bairro Santa Maria.
Desde a criação da Cooperativa dos Agentes de Reciclagem de Aracaju (Care), mantida com o apoio da Prefeitura de Aracaju, a vida desses profissionais melhorou. A organização funciona em sede própria, localizada no Santa Maria, e dispõe de máquinas de compressão de lixo seco e de cortar papel. Além disso, conta com quatro caminhões coletores, sendo dois deles cedidos pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), que coordena o serviço de coleta seletiva em Aracaju e encaminha o material reciclável recolhido para a cooperativa.
Os caminhões coletam em média 50 toneladas de lixo por mês. Todo esse lixo é levado ao depósito da Care, onde os 40 agentes de reciclagem separam o montante por tipo de material. "Depois disso é feita a triagem do lixo que pode ser reaproveitado", afirma a diretora administrativa da Care, Vaneide Ribeiro.
Segundo Vaneide, há uma perda de 10 toneladas de lixo por mês, em média. "Não dá para aproveitar o material contaminado, ou seja, aquele que entrou em contato com o lixo orgânico. É importante que a Care diminua a quantidade de lixo perdido por que é através de sua venda que revertemos o dinheiro para os salários, manutenção dos veículos, das máquinas e do depósito. Para minimizar a perda, é preciso que a população separe o lixo corretamente, isolando o seco do restante", orienta.
Com a venda do material coletado, a cooperativa também mantém a ONG Recriarte, localizada no conjunto Padre Pedro. Nela, os filhos dos agentes de reciclagem estudam e recebem diversos tipos de atendimento.
Origem
A Care surgiu em 2002, num momento crucial para o combate ao trabalho infantil. O lixão do Santa Maria era um dos principais focos desse trabalho, quando a Prefeitura de Aracaju, junto com Ministério Público, o Unicef, a UFS e uma série entidades privadas resolveram organizar, em torno da coleta seletiva, uma cooperativa formada por catadores de lixo, a fim de conceder-lhes uma forma digna de trabalho e retirar seus filhos daquela situação.
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