O secretário municipal de Saúde, Antônio Samarone de Santana, participou nesta quinta-feira, dia 13, do chá de casa nova da Residência Terapêutica (RT), situada no bairro Inácio Barbosa. A casa funcionava no bairro Coroa do Meio, desde 2006. Moram na unidade sete pessoas com transtorno mental. Os moradores de RTs em sua grande maioria são mulheres e homens que perderam o vínculo familiar e social por terem vivido muitos anos em manicômio e ou clínicas psiquiátricas.
Os próprios moradores da RT do Inácio Barbosa recepcionaram e apresentaram ao secretário a nova moradia. Além de Samarone, participaram da atividade os militantes da causa antimanicomial e profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (Reap).
O chá de casa nova foi aconchegante. Os convidados presentearam os moradores com novos utensílios domésticos. E esses serviram aos convidados chás, café e guloseimas como bolos e biscoitos. Durante toda tarde, os convidados conversaram sobre a nova moradia e se divertiram com as brincadeiras dos anfitriões. A nova residência é arejada e aconchegante. Ao todo, a casa tem quatro quartos, uma cozinha, área de serviço, três banheiros, uma garagem e uma varanda.
Cuidadores
Na RT Inácio Barbosa tem cinco funcionários que trabalham em sistema de plantão: são quatro cuidadores e um auxiliar de enfermagem que trabalha de segunda a sexta-feira. Os moradores são acompanhados e realizam tratamento no Caps David Capistrano.
Sempre acompanhados de cuidadores, os moradores da RT Inácio Barbosa participam de atividades sociais. Vão à feira livres e supermercados. Visitam as outras RTs. Passeiam no Centro da cidade. "Nessas residências, a gente tenta garantir que eles tenham uma vivencia do cotidiano do habitar e da comunidade. Incentivamos a construção de relações amistosas e de solidariedade entre eles e a vizinha", conta a psicóloga e coordenadora das RTs de Aracaju, Silvia Maria de Jesus.
No cotidiano, os moradores das RTs têm as responsabilidades de cuidar de si mesmo, de cuidar dos objetos de uso pessoal e de uso coletivo. "A nossa perspectiva é o de garantir independência e autonomia a essas pessoas, respeitando claro a singularidade de cada morador", ressalta Silvia Góis.
Segundo a coordenadora da Reap, Mônica Rocha, os cuidadores fazem reunião mensal para avaliação do processo de trabalho visando garantir o vínculo harmonioso entre eles com os moradores das RTs e com a comunidade/ vizinhança.
Eles ainda participam de oficinas de arte, culinária e de terapia nos CAPS 24h, CAPS Liberdade e David Capistrano. Uma professora de educação-física, contratada com recursos dos próprios moradores, faz aula de ginástica em espaço da própria casa.
Residências terapêuticas
A Prefeitura de Aracaju tem quatros Residências Terapêuticas (RTs), administrada pela Reap. A primeira casa foi implantada em janeiro de 2006, no bairro Atalaia. O local acolhe prioritariamente as pessoas que moravam no antigo Hospital Garcia Moreno. Essa clínica psiquiátrica foi fechada em 2006. Além das RTs, a Reap de Aracaju organiza seis Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e tem cinco referências de Saúde Mental, na Rede de Atenção Básica.
De acordo com a apoiadora institucional das residências terapêuticas, Simone Barbosa, "com a primeira RT, em 2006, Aracaju iniciou efetivamente o processo de desospitalização de pessoas com cronificação pela doença e grave comprometimento das
relações sociais".
"As RTs e os Caps fazem parte de uma rede que objetiva a efetiva integração de doentes mentais graves na comunidade", defende o técnico da Reap, Murilo Brito. Segundo ele, a implementação das RTs em Aracaju e no Brasil segue o projeto e a luta antimanicomial direcionadas pelo Ministério da Saúde. Nesse setor, o Governo Federal desenvolveu o Programa De Volta para Casa e o Programa de Reestruturação dos Hospitais Psiquiátricos, culminando na implantação dos Serviços Residenciais Terapêuticos.