Mulheres conquistam cada vez mais espaço no setor público

Serviços Urbanos
10/03/2011 16h31
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O perfil das mulheres e do próprio mercado de trabalho modificou ao longo dos anos. Na Prefeitura de Aracaju, entre os setores da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), essa mudança é um exemplo relevante de como essa conquista tem um impacto positivo nas relações de trabalho. A aposta nos valores femininos, como a capacidade de trabalho em equipe, é um exemplo do que acontece no município.

A Empresa Municipal de Serviços Urbanos tem atualmente 220 mulheres em seu quadro funcional, o que representa 32% dos servidores. O reflexo desses números pode ser verificado na prática. Ao assumir a Emsurb, Lucimara Dantas Passos, segunda mulher a presidir o órgão desde sua criação em 1990, iniciou um trabalho de valorização do trabalho feminino, com atenção especial ao serviço de limpeza urbana.

"Essa é uma área que comumente está associada ao homem porque requer esforço físico. No entanto, apostamos na mulher para quebrar esse paradigma e os resultados são excelentes. As margaridas, por exemplo, são pontuais, assíduas e dedicadas ao máximo. Elas acabam se transformando em um grande exemplo para os homens", registra a presidente da Emsurb. "Elas possuem o comprometimento e a dedicação como os principais atributos", destaca.

Para Lucimara, a valorização das mulheres no mercado de trabalho é uma conquista que ainda precisa avançar cotidianamente. "A cada dia estamos aprendendo como respeitar e conviver com as diferenças. A pluralidade, que é uma característica da sociedade, é um fato que por si só conspira em favor do respeito entre homens e mulheres. Seja do ponto de vista emocional ou comportamental, homens e mulheres são diferentes por natureza e ainda assim sofrem a influência de uma sociedade prioritariamente machista", analisa a presidente da Emsurb.

Em um dos setores da Emsurb, na Assessoria Técnica (Astec), carinhosamente chamada de "A Casa das Seis Mulheres", todo o trabalho administrativo tem a peculiaridade de ser feminino. "Atuar em uma área só com mulheres é um desafio constante. A Astec é um local repleto de idéias, cores e movimento. Todos os dias compartilhamos esse grande mistério que é o sentimento feminino. Cada uma de nós, formada em licenciatura, advocacia, arquitetura, administração, gestora e pedagoga, tem sua vida fora da empresa, mas também temos a consciência de que aqui dentro somos iguais e precisamos estar unidas em todos os momentos", relata Méa Machado.

Segundo Méa, o fato do setor ser composto por seis mulheres faz da Astec um local de cumplicidade. "Durante nossas reuniões surgem muitas ideias, sugestões e, por mais difícil que possa parecer, ao final sempre conseguimos chegar a um consenso fortalecido e enriquecedor para o bem de todas, principalmente para atendermos as determinações", conta. Sobre a ausência de homens no setor, ela é enfática. "Temos grandes colegas que nos dão apoio. Porém, se nossa sala é feminina por excelência, vamos festejar e procurar cada vez mais somar, criar, idealizar e agir para a melhoria da empresa".

Operacional

Nas ruas, vestidas com roupa laranja e uma vassoura em mãos, 24 mulheres atuam de maneira efetiva na limpeza da cidade. Elas integram as equipes de varrição, composta por 12 agentes, sendo oito homens e 4 mulheres em cada uma. "Aqui o trabalho é igual pra todos. Agradeço todos os dias por fazer esse serviço porque eu gosto e sei que é meu sustento", fala Josefa da Conceição, mãe de sete filhos. A alegria contagiante de Josefa é uma referência do seu trabalho. Ela canta, dança e não para de dar um sorriso a todos que por um segundo observam o seu trabalho. "Faço isso com toda a felicidade do mundo", coloca.

Em meio aos homens, Josefa e as demais colegas de trabalho, a exemplo de Maria José de Souza, falam do respeito e do bom relacionamento durante o serviço. "Todos eles são maravilhosos. Ninguém aqui me desrespeita. Pelo contrário, eles me ajudam e sabem tratar bem", disse Maria José. "Estava procurando emprego e fiquei sabendo desse serviço. Esse trabalho foi uma oportunidade muito boa pra mim", acrescenta.

Perspectiva

O economista Ricardo Lacerda afirma que essa conquista das mulheres representou uma diminuição da divisão de gênero no mercado de trabalho. "Hoje é possível perceber que muitas mulheres atuam em postos de trabalho que antes eram marcados somente pela presença masculina. Temos nas taxistas e petroleiras dois exemplos grandiosos dessa conquista", registra.

"A presença cada vez mais das mulheres no mercado de trabalho tem relação com o próprio crescimento da população urbana. A emancipação delas, que passaram a não depender mais do marido para cuidar e sustentar da casa, é um avanço extremamente positivo", avalia o economista.

A diferença entre homens e mulheres que ocupam os mais diversos postos de trabalho tende a diminuir. Essa é análise do economista ao mostrar dados do Ministério do Trabalho em relação ao estado de Sergipe. "Em 2001, as mulheres representavam 42% da população economicamente ativa, o PEA. Em 2009, subiu para 44%. Nesse período, as mulheres que integram a população economicamente ativa passaram de 358 mil para 461 mil", informa Ricardo.