Iniciado em 5 de agosto deste ano, o Curso de Implantação Orientada para Feirantes treinou mais de 600 pessoas e já rende boas práticas por parte dos feirantes e satisfação aos clientes. "Pra mim foi uma maravilha. Já deu diferença, a clientela rende", afirmou Joselito Alves, natural de Malhador e feirante há 25 anos. José Alves, feirante há 28 anos e vindo de Itabaiana, concorda com o colega, ambos atuando no Augusto Franco. "Já estou aplicando o que aprendi lá. Os clientes percebem que está bom!", ressaltou ele.
O treinamento dos profissionais que lidam com a venda de alimentos está dentro do plano de readequação da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) para feiras livres e mercados da capital e compreende orientações para manipulação de alimentos, noções de microorganismos, higiene pessoal e do local, possibilidade de contaminação dos alimentos e como evitá-la, doenças vinculadas aos alimentos, cuidados com os resíduos produzidos e como descartá-los corretamente, higienização das mãos, refrigeração e transporte adequado dos produtos.
Todos os pontos visam a adequação dos feirantes às exigências da Vigilância Sanitária, que por sua vez busca garantir a segurança alimentar dos consumidores, o que, aos poucos, já começa a ser incorporado pelos comerciantes. "Umas coisas eu achei boas, mas outras coisas não. O negócio da gente não pegar em dinheiro é ruim", reclamou Maria Josidete Nunes Leite, que em seguida prometeu: "Mas pode acostumar com o tempo. O cliente chega e diz que estamos bonitinhas. Outros nem reconhecem e acham que chegamos há pouco tempo na feira", comentou a vendedora de verduras na feira do São Conrado.
Até o final do ano, outros dois mil feirantes passarão pelas fases teórica e prática do curso promovido através da parceria entre a Emsurb, a Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e a Coordenação de Vigilância Sanitária e Ambiental de Aracaju (Covisa). Na segunda etapa do treinamento, o consultor vai sem avisar até o local de trabalho de quem já recebeu o conteúdo teórico para fiscalizar se estão cumprindo as medidas ou não.
E os consumidores também já podem perceber a aplicação dos ensinamentos técnicos no dia a dia. Segundo Amintas dos Santos Andrade, feirante há 30 anos, os clientes percebem a diferença e até agradecem. "O curso foi uma benção. Se eu já sabia alguma coisa, aprendi mais ainda. Vou botar em prática tudo", garantiu ele atrás de sua banca de beijus.
Sobre os cuidados de higiene na manipulação dos alimentos vendidos, o gerente de produção Sérgio Murilo é direto. "É obrigação do feirante. Muitos pensam que é um favor, mas é obrigação". Não é à toa que há cerca de oito anos tornou-se cliente do senhor Antônio Mendes, de quem compra queijos e castanhas. "Já conheço o asseio com que ele trabalha há muito tempo. Sempre compro aqui", disse o cliente da feira do Médici.
O cuidado do vendedor de queijos é notado de longe. Atrás da banca, uma pia itinerante o acompanha em todos os locais em que comercializa. Depois de passar o troco, ele lava as mãos para não contaminar o alimento do próximo cliente. O aprendizado não é de agora, e mesmo assim o feirante fez questão de participar do Curso de Implantação Orientada para Feirantes promovido pela PMA, Emsurb, Fundat e Sebrae. "Fui o primeiro da fila. Eu já tinha feito outros cursos, mas aprendi ainda mais nesse. Tanto que não trabalho mais com relógio ou aliança. Sempre trabalhei com avental, mas era colorido. Faz muita diferença na hora de vender. Sei que tenho muitos clientes que compram na minha banca por ver tudo limpo e organizado", afirma Mendes.
Entretanto, o próprio feirante nota que nem todos os colegas trabalham com o mesmo cuidado. "Infelizmente eu tenho percebido que a maioria dos feirantes sergipanos não está colocando em prática o que precisa ser feito. Você procura um álcool em gel nas bancas e não encontra! A Prefeitura de Aracaju está de parabéns por dar esse curso, o feirante que não for está perdendo muito", atestou o migrante de Feira de Santana com 12 anos de experiência.