Adoniran Barbosa é homenageado em sarau promovido pela Clodomir Silva

Funcaju
17/11/2015 14h02
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“Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem, que sai agora às 11h, só amanhã de manhã...”. Falar em Adoniran Barbosa é lembrar-se com exatidão da música Trem das Onze. A canção que consagrou o cantor no mundo da musicalidade é considerada um hino para os amantes da boa música e sambistas de raiz. No último sábado, 14, a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), por meio da Biblioteca Clodomir Silva, realizou um sarau dedicado ao compositor.

A ideia partiu da estagiária em biblioteconomia, Osaneide Rosa, que, ao organizar o arquivo da biblioteca, se deparou com um álbum intitulado “Trem das Onze: uma poética de Adoniran Barbosa”. Encantada pelo material, Osaneide resolveu folhear e constatou que o periódico trazia, além de curiosidades e detalhes do compositor, falava também da história do samba e da cidade de São Paulo nas décadas de 30 e 40. “O sarau fala sobre Adoniran, mas não somente sobre a música, apesar da musicalidade ser forte no cantor. Aqui nós ressaltamos também o estilo de escrita de Barbosa, que ousadamente inseriu em suas letras palavras escritas da mesma forma que pronunciadas”, explicou.

Coordenadora de diversos projetos literários na unidade da Funcaju, Maruze Reis ressalta que Adoniran, com seu jeito simples, trouxe para a música as mais belas crônicas já vistas na música popular brasileira. Diferente de um poeta tradicional, o compositor, ao seu modo, escreveu poemas e em suas letras pode-se verificar a forte relação com a escrita literária. “Adoniran não era um poeta, até porque a composição do poema se sustenta sozinho, já as letras das músicas precisam de uma melodia para ter sentido. Mas, o que se pode verificar é que, as composições de Barbosa têm uma forte relação com o estilo literário, as letras podem, além de cantadas, ser lidas e ainda assim terão sentido”, disse.

Entre leituras e análises das histórias, que enriquecem as letras do poeta Adoniran, João Lover presenteou o público com algumas canções. Do violão saíram os sons conhecidos de todos, a exemplo a música Saudosa Maloca, que conta a história de Adoniram e dois amigos que foram despejados de uma casa que construíram.

Lover explica que tem Adoniran como uma de suas principais inspirações. “A fala simples e as letras amparadas em sua própria vida faz com que a gente se identifique, e mais que isso, nos inspire a produzir coisas que se aproximem da realidade da nossa gente”, completou o poeta.

O sarau foi finalizado com uma deliciosa feijoada que foi servida impreterivelmente às 11h, horário em que o Trem das Onze partia.