Professores de escola municipal recebem curso de Educação Socioemocional

Educação
06/05/2019 11h33
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A busca pelo autoconhecimento, pelo equilíbrio e pela humanização das relações. Este é o objetivo de 30 professores que lecionam na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Conrado de Araújo, no bairro São Conrado. De volta à sala de aula, desta vez, o conhecimento adquirido por eles não é o pedagógico convencional, e sim, a autoanálise e a reflexão, através do curso de Educação Socioemocional, promovido pela equipe diretiva da escola. O curso, com carga horária de 20 horas, é ministrado pela psicopedagoga Jocélia Luíz de Oliveira Viana. A formação já existe há quatro anos, no entanto, essa é a primeira vez que professores de uma escola pública a recebem.

“O objetivo é a promoção do autoconhecimento, promover momentos onde os professores possam conhecer suas emoções e sentimentos, saber porque se comportam assim e, sobretudo, se conhecer. A discussão da educação para o século 21 está em torno do desenvolvimento de habilidades e competências para que as crianças sejam mais empáticas, altruístas, cooperativas. Partimos do ponto de que não consigo trabalhar com algo que não conheço. Primeiro tenho que acessar meu autoconhecimento, entender como funciono, só assim vou conseguir fazer um trabalho de qualidade com as crianças”, explica a formadora.

Os professores participantes estão divididos em duas turmas: uma semanal, nas quintas-feiras; e outra mensal, aos sábados. Através de conversas e estudos de caso, a cada encontro, novas descobertas. “Vamos convidando essas pessoas a refletirem sobre seus pensamentos, seu comportamento, ensinando para elas qual a função das emoções nas nossas vidas. Que tudo bem se sentir raiva, se sentir triste, ter medo, tristeza, no entanto, como a gente lida com isso é que faz toda a diferença. As demandas dos alunos são oriundas de uma família, muita vezes desestruturada, e, na sala de aula, quem tem o poder de organizar aquela "bagunça" que não é dele é o professor. Por isso, a carga de estresse é muito grande e se não cuidar das emoções destes profissionais, a escola não alcançará os resultados que espera”, completa Jocélia.

Quem articulou a realização do curso na Emef foi a coordenadora pedagógica Maria Ivanilde Meneses. Após perceber a necessidade desta formação para os docentes da instituição, o projeto foi avaliado e aprovado pelo Departamento de Educação Básica (DEB) e pelo Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada da Educação (Ceafe) como parte do programa Horas de Estudo, da Secretaria Municipal da Educação (Semed). “Quando chegamos na gestão, houve um momento de escuta com os professores e essa questão da falta de diálogo nos chamou a atenção. Também, o próprio nível de estresse observado no dia a dia nos fez pensar de que forma íamos promover este vínculo. A comunidade em que estamos inseridos é uma comunidade violenta e essa violência muitas vezes é reproduzida na escola e nas relações cotidianas entre os alunos. A partir daí, despertamos para essa necessidade do autocuidado e, assim, surgiu este convite para o desenvolvimento deste trabalho aqui na escola”, esclarece Maria Ivanilde.

Quem está participando da formação revela já sentir a diferença no dia a dia. É o caso da professora Karla Gisele Ferreira Pinto, que está na turma de quinta-feira. “A princípio, me chamou atenção por fazer parte do Horas de Estudo mas, quando comecei percebi que este curso proporciona um ganho muito rico de conhecimento pra gente. Trabalhamos nossas emoções, reconhecemos nossos sentimentos e isso é importante para nós, como profissionais, para saber lidar com os alunos na dinâmica da sala de aula, que é um ambiente muito diversificado. Em um curso como esse, ampliamos nosso ponto de vista, começamos a dar um olhar mais diferenciado para o comportamento das crianças e é uma troca de experiências incrível. Eu recomendo”, conta Carla.

Para a diretora da Emef, Carla Christina Gonçalves, o cuidado com os profissionais da instituição deve ser um ponto prioritário “Os professores são o coração da nossa escola e não podemos ter um corpo docente emocionalmente doente. Eles podem ter muita bagagem acadêmica, graduação, mestrado, mas, se não estão bem emocionalmente, não podem cuidar do outro. Se temos um ambiente de trabalho em harmonia, temos tudo”, destacou a diretora.